7 de fevereiro de 2017

DERMATILOMANIA

Às vezes feridas não precisam cicatrizar
Os músculos e ligamentos se desprendendo
É algo que minha dor tem necessidade de provar.
Mordo meus lábios até eles rasgarem
Começo lentamente me coçando
Até a carne ficar exposta e viva
Aos poucos vou me arranhando
Até que cada pelo de minha pele se arrepia
Eu sou atraído por objetos pontiagudos
Eu preciso viver com a dor
É através dela que minha alma se purifica
Mesmo que seja por caminhos obscuros
Eu preciso superar cada ferida.
Eu me beijo, eu me toco, eu me mordo.
A minha pele macia parece me excitar
Eu sinto a intensidade do meu próprio corpo.
Então eu começo a me provar
Cada parte, cada pedaço.
Os outros chamam isso de se “auto mutilar”
Mas quando eu sinto as lâminas tocarem meus nervos
Eu me sinto euforicamente alto
Eu começo a sexualmente me fantasiar.
É como se eu tivesse drogado
Em efeito frenético
Então eu corto mais fundo
Quanto mais o sangue espirrar
Quanto mais a minha pele gritar
Mais eu sinto o amor
Mais eu sinto o verdadeiro significado do verbo “amar”.
É um tipo de amor em conjunção com a dor
Uma dor que complexamente anestesia todas as outras dores
Eu me sinto amado
Só que estou sozinho
Eu sei que isso soa como algo sádico
Mas é só minha autoestima
Dizendo-me que não estou lunático.
Mas quanto mais o tempo passa
Mais eu fico fisicamente ferido
Apesar de eu não sentir dor emocionalmente
Eu sinto amor próprio possessivo
Eu preciso me alimentar de mim mesmo
Pra chegar ao ápice libertino
E quanto mais eu me amo
Mais eu me torno auto destrutivo
Mas eu não tenho mais nada para me importar
Violentamente eu continuo
Vou até o fim
E começo aos poucos putrificar
Vejo-me no espelho
E me apaixono pelo meu olhar
Não há dor, não há mais medo.
Vejo-me literalmente por dentro
E começo a me apaixonar.
"E aos poucos adormeci, vi a minha beleza interior, e finalmente percebi, que o único amor e verdadeiro que eu já tive, foi por mim"