31 de dezembro de 2014

Quem diria?

Quem diria que eu ia chegar nesse dia dizendo: Quem diria?
nessa minha vida
de indas e vindas
que sempre suspeitei
das minhas expectativas
nesse intenso sentir
que o meu eu respira
nesse intenso mundo meu
repleto de ventanias
cheio de ruídos
medos
tristeza e alegrias
cheio de névoas nos pensamentos
de distúrbios
e de provável mente assassina
e com uma boa imaginação que ainda me inspira
neste último dia do ano
que ao mesmo tempo obscurece
e que ao mesmo tempo brilha
está de manhã
e está tudo calmo
sem angústia
nem melancolia
enfim; quem diria?
ninguém
talvez somente o destino me mostraria
que eu sou capaz de me vencer mil vezes
e ainda permanecer de pé na minha própria ruína
e enfim mais um dia finda
e aqui estou
escrevendo mais uma poesia.

"Antes era tempestade, tornou-se uma forte chuva, e agora é somente uma garoa com pequenos ruídos de ventos distantes. Tudo se tornou uma melodia perfeitamente combinada com a minha alma sombria. Mas amanhã torço que o dia esteja apenas nublado, até o cinza virar sol que intensamente brilha"

29 de dezembro de 2014

Há um ano.

Há um ano atrás eu estava em uma cama de hospital
Estava sedado e cheio de eletrodos
Eu estava em delírio físico e mental
Eu estava sozinho e ao mesmo tempo com todos
O coração às vezes acelerava
Uma luz, na escuridão dos meu olhos, surgia
Meu coração quase parava
Então percebi o destino em que eu mesmo me condenaria
Meus nervos atrofiavam
A ansiedade apenas me afastava do meu consciente
Deixando as minhas visões com terríveis imagens sombrias
A realidade já não estava mais ali presente
Há um ano atrás eu estava em uma cama de hospital
Inalando todas as minhas ilusões
Sendo medicado pelo meu próprios pecados
Sendo sedado pelas minhas próprias confusões
Não haviam sorrisos
Só medo
Não haviam corações
Só desespero
Não haviam bons espíritos
Somente portas em um labirinto eterno
Que cada uma delas apontava um universo
Repletas de escuridões
Foi quando eu imaginei
Que tudo que eu imaginava
Estava saindo plano da imaginação
Se tornando realidade física
Em forma de confusão
O universo estava em colapso
E o mundo girou através de meus atos
Me apresentando então minhas consequências
Dentro da minha própria teoria do caos
Mas há um ano atrás eu conheci
Que aqui ou lá, e ali
Só existia duas energias importantes na minha vida
Algo que me fez nascer nesse mundo
Que faz até hoje fluir o meu sangue
Que faz o meu sangue ser capaz de bombear o meu coração
Que me mantém vivo
Longe da desilusão
Que me mantém longe da frieza e do meu lado sombrio
Eu ganhei mais um ano de vida
E nesse tempo
Entre indas e vindas
Tive minhas noites dominadas pelo o mesmo pecado
Mas fui mais forte do que fraco
Mesmo saboreando o gosto doce amargo
De cair nas horas
Nos ponteiros do passado
Mesmo tendo a mente dominadas por lapsos
Eu consegui por mais um ano
Manter meu o mundo a salvo
Consegui lutar contra meu maior inimigo
Eu mesmo
Mantendo meu mundo longe de outros
Evitando o total destruidor colapso
Eu me mantive vivo
E todos que estiveram ao meu lado.

A sensação de uma overdose
É como viajar no espaço em cima de um asteroide 
Sem saber para onde ele vai te levar
Se é de volta para a vida
Ou para a morte.




28 de dezembro de 2014

Oposto complementar

A agressividade se veste com um belo vestido vermelho.
E usa ossos quebrados como brincos brilhantes. 
Usa lingerie num tom elegantemente visceral. 
Bebe vinho tinto.
Vinho que é retirado direto da fonte de nossas cabeças estouradas.
Que sempre está cheia de pensamentos perigosos. 
Tornando muitas vezes a violência em algo muito belo e sedutor. 
Pois para conquistar o amor, temos que batalhar.
Lutar. Brigar. Sangrar .
É uma guerra entre e amor e o ódio. 
É a atração fatal dos opostos complementares.

12 de dezembro de 2014

Somos.

Somos pessoas que se alimentam umas das outras através de nossos próprios egos. Confundimos obsessão com amor, e amor com ilusão. Estamos no final de todas os tempos, e quanto mais o tempo passa, mais perdemos nosso intelecto. Estamos criando vários padrões de beleza e várias opções de status, um ideal engole o outro, e vomitamos as nossas ideologias com defeitos e hipocrisias. O erro é humano, quanto mais erramos, menos aprendemos, pois sempre estamos cometendo os mesmos erros, é da natureza humana errar do começo ao fim, até morrermos. Ninguém nasce perfeito. E ninguém também morre perfeito. Temos a ilusão que quando caímos, aprendemos a nos levantar e seguir em frente, a ilusão é tão perfeita que na realidade, nunca saímos do mesmo lugar, estacionamos na evolução. E ainda temos a arrogância de acreditar que nos tornamos pessoas melhores. Ou que somos, ou que iremos um dia ainda ser, ou nos tornar. Mas a verdade é que a ilusão se tornou mais real do que nunca. E nunca perceberemos.

Criamos maneiras de nos vitimizar, atuamos como vitimas em nosso próprios filmes de terror. Nós mesmos criamos o nosso pesadelo. Nós mesmos criamos nossos próprios anjos e demônios. O ser humano se engana desde o começo dos tempos, alguns creem em um deus, mas a verdade é que desde o inicio estamos sendo testados por nós mesmos, estamos sozinhos e solitários. É um costume das pessoas criar amigos imaginários para se sentirem confortáveis dentro da própria realidade, acreditar em uma mentira perfeitamente bem criada para nos afastar da verdade, como uma droga alucinógena que nos leva à lugares incríveis, estamos viajando pelo espaço sideral, estamos longe do nosso mundo real, acreditamos em tolices, e deixamos de perceber que o nosso mundo está acabando aos poucos, sendo destruído pela própria mão humana. Mas a humanidade acredita na filantropia, e esquece que todo mundo ajuda um ao outro por interesses próprios. O narcisismo, a vaidade, nos refletem. Afinal fomos feito a imagem de Deus. Nos sentimos como se fossemos deuses. Sempre em busca do poder. Do controle. Do derramamento de sangue. Da guerra e destruição. Desde um fruto saudável até que as nossas mentes ficam repletas de podridão. Cheia de vermes, pus e carnegão. Ninguém percebe a misantropia que nos domina. Somos o sangue do nosso próprio assassinato. Ninguém percebe a carnificina.

Nos tempos antigos, o homem vivia por novecentos anos ou mais, hoje mal passamos dos sessenta. Estamos fracos e exaustos, estamos em extinção. E finalmente hoje eu entendo, que se mesmo, eu encontrasse uma verdade universal do amor, eu nunca poderia estar verdadeiramente satisfeito neste mundo. Que a morte vem pra cada um. Que nenhum humano é simplesmente bom ou mau. Que sozinho eu sou o mestre do meu destino, que nós mesmos criamos o sentido de nossas próprias vidas. Que cada um tem suas próprias crenças, e que ninguém é infalivelmente correto.
O mundo animal não é na floresta, é aqui na selva de pedra.
Somos os verdadeiros animais
Animais é o que nós somos.

"Eu sou um misantropo que levou o ódio aos céus"

11 de dezembro de 2014

Antes de dormir.

Antes de dormir eu passei horas conversando com a insônia. Ela me disse pra eu sempre manter os olhos bem abertos, que o mundo tá repleto de morte em todos os cantos, disse que a morte ficava escondida nos ponteiros dos relógios, que a qualquer hora, minuto ou segundo, podia chegar a minha hora. Então eu gentilmente pedi a ela que ficasse acordada vigiando a porta enquanto eu dormia. Então adormeci. E sonhei que a insônia abriu a porta do meu quarto, e saía lentamente andando, quase que flutuando. e ficava parada em frente ao meu espelho. E eu a seguia sem que ela percebesse. Então quando eu ia toca-la, ela desaparecia. E restava somente eu me olhando no espelho. O espelho me encarava com os olhos bem abertos, enquanto eu tentava fechar os meus.

3 de dezembro de 2014

Habito

Eu não sou o mais o mesmo
Nunca fui o mesmo desde sempre
Habito em uma ruptura da realidade que constantemente dança meus delírios
Habito em uma fantasia onde ela está em constante inconstância
Trilho encruzilhadas
Beijando as beiras das loucuras
Vago bêbado de conhaque
Chorando por amores sombrios
Me tornei um poeta
Alguém que olham e me vejam como louco
Me tornei um escritor barato largado na sarjeta
Que aqui agora escreve angústias
Que aqui agora está numa vasta imensidão
Eu me sabotei para não sentir mais nada
Agora me tornei um colecionador de crises
Para pelo menos sentir alguma emoção
Mesmo que ela me corte de dentro pra fora
Mesmo que ela me engula e me cuspa
Eu morro todos os dias e ressuscito todas as noites
Mal eu sabia, que aqui no nada
Aqui nem eu estou
Está somente um fantasma da minha imaginação
Agora é como se eu tivesse um eco eterno gritando dentro de mim
Em um constante vácuo
Eu estou vazio, e não consigo mais completar o que eu tirei de mim mesmo
O coração
Nada mais me completa
Incompletamente perfeito
O amor ficou completamente cego aonde eu me encontrei
Aqui nessa escuridão
Habito dentro de mim mesmo
Onde nem eu mesmo eu estou
Me perdi de mim, minha alma se foi
Congelou-se no inverno que eu mesmo criei
Habito dentro de mim
Num corpo sem vida
Sem alma
Habito na pele viva
Que empalidece aos poucos
Habito na escala mais alta da montanha que não tem fim
Vago sem destino
Sem rumo
Sem direção
Agora estou aqui misturando as palavras de forma complexa
Para ilustrar o complexo em que me encontrei
Para ilustrar o estado da minha mente cheia de desilusão
O espelho me olha e eu não vejo nada
Eu olho o espelho e ele não me encara de volta
E percebo então,
Que algo também habitou em mim
A depressão.

1 de dezembro de 2014

Mentiras

Se lhe contam mentiras
Não se desloquem
Peguem as palavras e as destroem
Apertem o pescoço bem forte
Eventualmente a sufoquem

Se lhe contam mentiras
Não recuem
Peguem as palavras e as arranque pela mandíbula
Olho bem no fundo dos olhos do enganador
Eventualmente arranque a tua língua

Se lhe contam mentiras
Não acreditem
Distorçam as palavras e aperte bem forte a veia jugular
Sinta o prazer do poder e do controle
Eventualmente rompendo as veias até o sangue espirrar

Se lhe contam mentiras
Não as engula como doces
Sinta o amargo da verdade e aceite e admire a veia carótida romper
Sinta o prazer do controle e do poder
Eventualmente entorpecendo as tuas dores

Se lhe contam mentiras
Extraia as palavras enganosas através dos dentes
De forma lenta de devagar
Dance como se fosse música 
Quando o traidor gritar
Eventualmente compondo uma verdade obscura

Se lhe contam mentiras
Bem se lhe contam mentiras
Não se iludam
Mate-as antes que elas te matem
Não se desiludem
Não se ressentem 
Eventualmente você irá se libertar de todos aqueles 
Que mentem.