23 de maio de 2011

As pessoas amam outras pessoas, como um cachorro ama o dono, mas o dono ama o cachorro por isso. As pessoas que não sabem perdoar, são fúteis, sem o perdão somos selvagens. Mas uma boa guerra, nunca é limpa, tem seres humanos que acham o amor simplesmente simples e que o coração é feito um diagrama. Mas não! vocês já viram um coração humano? É como uma mão fechada cheio de sangue. As pessoas ficam checando os fatos, enquanto eu sujo as mãos. Mas nem todo mundo quer ser feliz, os depressivos não, querem ser felizes para confirmar que são depressivos, se forem felizes não são deprimidos, e por isso teriam que viver a vida, e isso poderia ser deprimente.

19 de maio de 2011

Sobre a Verdade



Quando parece que é mentira, é porque é verdade. Os filmes, os livros e as músicas, são frutos da imaginação humana, retratos da realidade criadas dentro da nossa cabeça, simulações as vezes utópicas da vida ‘como deveria ser’. Pensando assim, a gente se acostuma a achar que, para sermos felizes, temos que aceitar essas mentiras e fazê-las verdades genuínas. Os mais sabidos, inclusive, dão-se por satisfeitos ao resignarem-se com a idéia de que a ignorância é pré-requisito pra felicidade e que, como ‘seres superiores’ que são, não se vêem passíveis de serem acometidos por esse sentimento, mesmo sabendo que ele está por ai, em todo lugar.
Está nos filmes, nos livros e nas músicas, mas não está dentro de nós. A gente lê e relê mil vezes, assiste, grava e revê, ouve a música em volumes ensurdecedores na vã tentativa de capturar esse sentimento, nem que seja so por alguns segundos, nem que seja só um pouco. E quando parecemos estar sentindo, nosso mecanismo de auto-desesa, programa-se para fazer com que a gente ache tudo aquilo não passa de um placebo, uma doença da alma, uma doença sem cura.
Aí, há uns 3, quase 4 meses atrás, eu que sempre fui sabido, cético e conformado com a finitude do amor, com os limites do que se sente ávido defensor do individualismo, vi tudo mudar perante os meus olhos, e não estava na TV, no papel e nem no meu aparelho de som. E, definitivamente, não é de mentira. Tão verdade é que hoje eu vejo tudo diferente, pois não tenho mais cortinas na frente dos olhos.
Hoje eu vejo, que os filmes, os livros e as músicas não estão ai por acaso. Eles são manifestações concretas de momentos em que o homem conectou-se com o divíno, que paira no ar, mais é invisível aos olhos. São fragmentos de pequenos milagres operados por mãos trêmulas, imperfeitas, e pecadoras. São imagens de um destino do qual a gente precisa estar em constante procura, até o fim dos nossos dias.

Digo isso por que encontrei o meu.

16 de maio de 2011

O amor está em Apuros



Talvez não caiba a mim encontrar o paradeiro do romance perdido, porque ele não me escapou pelos meus dedos desatentos, não está ao relento entre o meio-fio e os carros, 
não se esvaiu juntos ás memórias de uma madrugada ébria. Me corrói as entranhas cogitar 
a hipótese de que talvez jamais tenha, de fato, existido aquilo que tenho procurado. Me perfura os pulmões a constatação daquelas coisas que, mesmo assumidamente prováveis e esperadas, eu ingenuamente negava até o fim que pudessem acontecer.
As piores verdades são aquelas que parecem mentira

Ma então o que é a verdade, se não tudo aquilo que acreditamos com todas as nossas forças, até o momento em que não cremos mais? As verdades mudam, e as minhas mudam numa velocidade que acredito que ninguém seja capaz de acompanhar. Justamente por isso, tratei de despir meus sentimentos de poesia. No entanto as minhas situações, mesmo nuas de significado, mesmo ceticamente analisadas com a frieza de um cirurgião, teimavam em rabiscar sorrisos na minha cara. Sorrisos que não saíam em água corrente. Mesmo assim 
tenho vivido ao pé da letra o ‘dia-após-o-outro’, jamais adornando os dias com meus costumeiros exageros que conheço bem. 
É difícil manter os pés no chão enquanto a mente voa.

Talvez o que me compete seja justamente diagnosticar a completa inexistência do romance, 
ou constatar que trata-se de um bobo conceito hipotético. Uma idéia que nos inspira, que nos motiva, que nos estufa o peito através de um brusco sopro do mais puro nada. Uma isca que nós, mesmo após fisgados sucessivas vezes, seguimos mordendo, constantemente e com convicção. E eu mordi mil vezes e vou morder outras duas mil, justamente por acreditar na chance de somente por uma vez, aquilo tudo não ser uma mentira.