7 de julho de 2015

Lua em Peixes

(MELANCOLIA)
Ruas desertas
ventania insana
nas janelas,
folhas perdidas
no ar,
é o inverno
que traz companhias
invisíveis ao meu olhar,
são distantes e sombrias
mas sinto
um bem estar,
o tempo tenta voltar
com suas horas
inversas,
mas eu estou aqui
e não vou mais parar.
Então eu pego a primeira rua
e começo a caminhar,
mesmo com a sensação
de uma estranha aura obscura
para trás eu não vou voltar,
minha mente sobrevoa
em uma névoa de esperanças
e as captura,
e vago sobre espaços vagos
e vago sobre a lua.
Praças solitárias
sem bancos para descansar
casas abandonadas
botecos fechados
sem álcool para brisar,
castelos prestes a desmoronar
parques sujos
rodas gigantes
girando ao contrário
sussurros em meio ao abstrato
sem mais jogos para jogar,
o que parecia ser engraçado
o que antes era divertido
tornou-se doce e amargo,
docemente tudo foi ficando doentio.
Então eu pego a próxima avenida
e vou vagando
no ritmo de uma estranha sinfonia,
paro em um banheiro sujo
onde vejo um espelho
que tento refletir,
e me encontrei
e enfim sinto
e olho para os próprios olhos da melancolia,
e então o medo se manisfesta
mas sigo sem olhar pra trás
com a mente sempre ligada
a paranoia sempre em alerta,
cada batida do coração
cada vez mais acelerada
a insônia sempre desperta
o sono sempre uma imagem abstrata,
sou uma pintura inexistente
em um plano diferente
em uma rua deserta
no meio do nada.
Mas eu acordo
de uma fantasia
que eu estava sonhando.
E a realidade insensível e sádica
arranca minhas entranhas
de dentro pra fora,
e lentamente me mata.