12 de março de 2016

Claustrofilia

Lembrando de você
Adquiri uma sofisticação
Foi lembrando de você
Que desenvolvi a lábia
Você agora é apenas uma simulação
Para melhoramento
Da minha audácia
Você me matou por dentro
Mas lembrando de você
Aprendi a sobreviver na sociedade
Você agora é apenas uma cena ensaiada
Você agora é apenas uma peça da minha maldade
Eu me tornei articulado
Descobri os níveis superiores da inteligência
Moldada de insanidade
Agora eu enxergo tudo
Eu enxergo o mundo como uma máquina
E cada pessoa
É uma peça para que as engrenagens
Desta máquina continue funcionando
Me tornei adaptado ao trabalho
E sou eu que está a controlando
E eu não pareço ameaçador
Pois eu sou o cruel carismático
Lembrando de você
Eu tentei continuar te amando
Mas você me sufocou
Você me sufocou!!!!!
Você me sufocou!!!!!
Você me sufocou!!!!!
Lembrando de você
Me fez ter prazeres
Mas como você não está mais aqui
Eu revivo cada prazer que tive com você
Sufocando todas as pessoas
Que me faz recordar nossos momentos felizes e únicos
Eu sufoco todas as pessoas 
Pois o olhar de desespero delas
Me lembra do seu olhar quando você me dizia que me amava
Lembrando de você
Eu posso ter você aqui comigo
E hoje sou eu quem te sufoco
Sou eu quem está no absoluto controle
Método extremo de submissão
Calor, pele, beijos e paixão
Carne viva
Sangue
Ausência de respiração
Lembrando de você
Me faz ter crises de ansiedade
Mas são elas que me levam ao prazer do confinamento
São elas que me levam ao mais alto nível de excitação
Lembrando de você
Eu tenho você aqui
Todos vocês
Sufocando
Sufocando
Em seus pescoços
Está minhas mãos
Só lhe restam
A completa escuridão
Lembrando de você
Eu me torno você
Pois era você me sufocava
Lembrando de você
Eu me torno a Dominação.


1 de março de 2016

Cuidado com o poeta

Cuidado com o poeta
Pois ele não pensa por linhas retas
Ele sente o que você pensa
Premedita cautelosamente o que tenta
Seu combustível é a emoção
Um mestre da sedução
As vezes parece que não tem coração
Ele é imprevisível
Lança aquela frase irresistível
O poeta vive da fraqueza
Do mundo tira seu conteúdo mais profundo
Da dor sua inspiração transparente e sem cor
Fala de amor incansavelmente
Ele consegue ser um príncipe encantado
Um velho sem dente
Na realidade ele é apenas mais um doente
Doente de si que não está nem ai
Portador do câncer poético
Ele é só mais um patético
Dança com as palavras
Penetrando as almas
É traiçoeiro
De si mesmo ele é prisioneiro
Tenta encarcerar todos á sua volta
Ele explode os teclados e os papeis
Buscando na angustia motivação
Sentado na cadeira
Digitando qualquer besteira
Dentro de sua mente
Ele é maestro, rei presidente
Um verdadeiro delinquente
Refém de sua percepção aguçada
Este pobre poeta
Não passa de um cachorro na calçada
Ele vai entrar na sua mente
Vai desorganizar seu pensamento
Te deixar no relento
Vai fazer você pensar
Na vida que não viveu
Ele nem sabe o que escreveu
Mas você na história dele se reconheceu
Percebeu o quanto envelheceu
Ele só quer uma vítima discreta
Seja você ou aquela analfabeta
Não confie no poeta.