22 de julho de 2016

A Facada.

Tocaram-se as trombetas do coração
Tanto intensas quanto tensas
Bombeando sangue como um tubarão
Nossas trocas de olhares
Infinitas e Imensas
Perdidas no tempo
Em águas profundas e densas
Águas que representam
Um oceano de emoção
Porém é profundo
Moldado por escuridão
E lá que você esconde o que você sente
No secreto dos segredos sem conexão
Confundindo a minha mente.
Mas mesmo assim eu me arrisquei
O fogo se afundou em suas águas misteriosas
Onde nadavam o sexo e a excitação
Onde afogávamos nossos corpos repletos de fantasias
Onde nadava a mais doentia paixão.
Eu me afoguei em você
Enquanto você se queimava em meu fogo
E foi assim que nasceu o nosso jogo
Naturezas opostas se colidindo
Você querendo ser a rainha
Tentando me fazer de peão
Mas eu nasci para ser o rei de espadas
E o caos surgiu-se agora em teu coração
E a guerra se iniciou.
Emoções seriam despedaçadas
Mas você me beijou
Emoções iriam ficar ensanguentadas
Mas você me abraçou
Você me envolveu em suas palavras
Você me manipulou
E eu permaneci.
Mas a estratégia não mantém
caos guardada dentro em si
E o jogo virou
Você estava caminhando perdida
Na superfície do meu vulcão
E eu estava prestes a explodir.
E você ali olhando diretamente pra mim
Pedindo para eu não partir
Mas eu tinha que me libertar do seu veneno
Eu tinha que me curar da picada do seu ferrão
Eu tinha que me curar do seu beijo de escorpião.
Foi quando você deu a sua ultima cartada
E quando eu estava quase lhe cedendo
No peito eu recebi a sua facada
O último golpe
A última jogada
Onde nem eu você vencemos
Quem venceu foi o jogo
Já eu e você nos perdemos.

ÍNDIGO


Eu sou uma criança índigo
Qualquer passo a minha volta
De longe eu pressinto
Qualquer pensamento
Eu decifro.
Não vim desse mundo
Vim de outro lugar
Vim de um outro plano de fundo
De um lugar em que a maioria não enxerga
Nem mesmo eu, por mais que eu seja lúcido.
Porém dentro de mim os ruídos desse lugar
Continuamente eu os escuto
E então os outros olham em meus olhos
E vejam um tom obscuro
Mas não sou eu quem está repleto de escuridão
São os outros que estão cegos no escuro.
Eu sou auto suficientemente visceral
Vivo conforme a minha existência
Caçando de forma brutal
Conhecendo naturezas excêntricas
Sendo altamente cardinal
Seduzindo almas autênticas
Se alinhando entre o bem e o mal
Sem me afetar com maleficências.
A minha aura é azul
Ela tem o tom de cristal
Ninguém pode ver a minha essência a olho nu
Somente eu mesmo
Quando me admiro
No mais alto do meu pedestal.
Meu coração é o que pensa
E a minha mente é o que sente
Não há confusão
Só o caos que surpreende.
Sou o mal necessário
Que permanece transcendente
Vocês nunca vão me entender
Pois eu não faço parte de vocês
Pois deste plano eu não sou descendente.

19 de julho de 2016

Dança Macabra

Olhares vidrados
Você apertou forte a minha mão
Anjos e demônios foram despertados
Agora eu sinto a sua ofegante respiração
Nossos olhares se tornaram enigmáticos
Você mordeu o meu coração
Espirrou-se o sangue da emoção
O amor saiu de dentro de mim
E arrancaram-se as pústulas de uma doente paixão

Uma ligação que nos prendia
Dentro de uma carnificina
Onde éramos dominados por uma obsessão
E os anjos tocavam suas trombetas
E então se iniciou a dança da chacina
A dança de nossas almas
Moldadas por blasfémias e sedução

Você me permitia pegar forte em sua cintura
Esmagando lentamente seus ossos
Você gemia dentro de uma fantasia obscura
Apreciava a dor
E ao mesmo tempo arrancava a minha pele
Com a unha

Estavámos em um salão onde o diabo tocava violino
Enquanto deus dançava como um bailarino

O equilíbrio estava se conduzindo
Você me beijava arrancando meus lábios
E os engolindo
Eu enfiava meus punhos
Em você lentamente
Em todos os seus orifícios
Até os seus ossos lhe despindo

Literalmente estávamos nos entregando
Ao prazeres da carne
Gozamos o amor e a dor
Aos poucos sentindo
Dominados por uma diabólica líbido

Era celestial
Era belo
Era bestial

Nossas vísceras enfeitavam a pista de dança
E quanto mais nos entregávamos à paixão
Mais monstruosos nos tornávamos
Era intenso mas também era repleto de obsessão

Nossos olhos ficaram tão vidrados um ao outro
Que congelamos no tempo
Em um plano desconhecido vagando na imensidão
E por mais que houvesses anjos e deuses em nossa volta
Éramos monstros
Estavámos apaixonados
Seguindo cada passo um do outro
Em uma dança de perseguição

Por mais que fosse suave o nosso tesão
Éramos monstros
Meros mortais
No meio do nada
Insignificantes
Apenas seres humanos
Iludidos presos
Dentro de fantasias delirantes

O coração poderia ser a nossa morada
Mas era lá que nós nos perdíamos
Nos entregando a uma emoção abstrata
Estávamos seguindo ritmos
De nossa própria dança macabra.

'A dança do amor'