19 de novembro de 2013

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O tempo não resolve as coisas que você mesmo poderia resolver
O tempo destrói tudo, inclusive o agora.
Agora mesmo que escrevo esse texto, eu estou perdendo tempo
Eu poderia estar lá fora correndo atrás de meus objetivos
Mas resolvi escrever esse texto sobre o tempo
Consequentemente me fazendo perder tempo
Logo esse texto será apenas uma lembrança
Uma lembrança sobre o tempo
Que o cérebro automaticamente apaga
Substituindo o tempo que você acaba de desperdiçar por uma outra lembrança.
Você não lembra dos momentos, você se relembra da ultima lembrança.
Lembranças que logo serão apenas vestígios
Evidências de uma tolice, como num crime
Cinzas que o tempo queimou
Aos poucos o tempo vai desaparecendo sobre o próprio tempo
O tempo, ele mesmo se destrói aos poucos
Ele mesmo se mata
Ele é irreversível
O tempo é suícidio
O tempo não corre
O tempo não voa.
O tempo viaja mais rápido do que a própria velocidade da luz.
E nenhum som pode ouvi-lo passar
E por mais que você tente controlar o teu pensamento
E por mais que você tente colocar em ordem qualquer sentimento
O tempo só vai te pregar peças, com a ilusão que tudo logo irá ficar bem, com o tempo.
"Como a luz que pensa que viaja mais rápido do que qualquer coisa, mas não importa o quão rápido a luz viaje, ela sempre descobre que a escuridão chegou la primeiro, e estava esperando por ela."
Como eu, que tanto tentei falar sobre o tempo nesse texto
Que acabei perdendo a noção do tempo.
Acho que só perdi meu tempo.

(com você)



14 de novembro de 2013

Rotina

Hoje não deveria ser hoje Amanhã não deveria ser amanhã Ontem não deveria ter sido ontem A dilaceradora rotina Que mata o tempo Tempo que assassina os minutos Minutos que tortura cada segundo de minha vida
Matando a mim mesmo Meus vícios se viciaram em mim Minhas emoções quebraram o gelo, o transformando em paixões. Paixões que me queimam de dentro pra fora Agora eu sou o meu próprio despertador E eu me tornei uma bomba relógio
Eu poderia explodir o mundo, se eu pudesse A rotina fria e calculista
Que planeja metodicamente o meu assassinato
A cada manhã que levanto no tic tac do despertador
Já imaginando o tanto de melancolia no cobertor
O sangue já espirrado na parede do meu quarto Em forma de um coração sem amor
O tempo tornou-se sádico
Tornou-se a minha dor
E na parede suja velha, um tom forte avermelhado
Uma tragédia com traços bem desenhados.
Aquelas olheiras ao sol Aquele mórbido olhar sem expressão Já preparando um café amargo Saindo de casa com a mesma companhia de sempre
A ansiedade manipuladora e malvada Que sussurra no meu ouvido
Querendo sempre voltar logo para a casa
Querendo voltar sempre para o mesmo lugar Para repetir e repetir Novamente e novamente
A mesma morte de todas as manhãs
No despertar sombrio Na mesma rotina que levo
Perto de uma cova rasa. Com a sensação que um dia tudo poderia mudar
Mas que nunca muda Mas que nunca acaba.

11 de novembro de 2013

-Carrera-

Eu não sei exatamente como tudo começa.
Talvez seja apenas a súbita necessidade de sentir alguma emoção
Aliás nada sei ao certo.
Mas é como se não houvesse um fim.
Como a cor de um fantasma que segue uma estrada reta
Procurando uma vida.
Uma vida para seguir
Mas tudo não passa de um deserto
Uma miragem reta e transparente
Transparecendo a mente em formas de linhas retas, que alinha a paranoia.
Paranoias que ficam tão claras, tão brancas.
A euforia de uma pista que nos leva ao desconhecido.
O destemido sanguinário de uma guerra, contra ele mesmo.
A solidão, de posto em posto, a bebida e o sombrio
A sensação de realidade parece que vai se alinhar pra sempre.
Mas são apenas linhas distorcendo tudo
Desalinhando as linhas do meu raciocínio
Me tirando da linha.