15 de dezembro de 2022

Quem é ela?


Quem é ela?

Sua fúria justa por uma vingança oculta, seu coração cheio de feridas entregue a mim, ela, quem é ela? Ela é a salvação pois é uma variável de um amor previsto anos atrás que por desesperança e muita influência de filosofia moderna havia me tornado pessimista em relação ao amor, amor é dor, dor é amor, mas duas palavras unidas criam a relação estrutural que cria um poder que durará séculos, feito de pedra, e pela leveza do coração. Mas quem é ela? Um mistério de um enigma que pode me desmascarar mas ao mesmo tempo será um segredo que nem no túmulo será descoberto. Quem seria eu, ao ousar pensar em outros corpos, além do dela? Seria um corpo em queda dentro de um banheiro sujo sendo analisado devido ao um crime passional cometido por quem? Por ela! Mas quem é ela? Ela é quem atravessou o mundo e construiu pontes para nossas almas se encontrarem nessa vida tão finita e medíocre, mas que me provou que dentro da miséria do mundo, há uma grandeza que não vi em ninguém em vinte oito de vida já vividos, uma grandeza chamada coragem. Ela é a coragem, mas também é a vingança que assim como eu flerta com Nemesis, opostos não se atraem, são os semelhantes que se adaptam ao um espelho tão bonito e tão tentador, porque o que ela viu em mim ela também viu nela. Espelho são portas para outros mundos e foi do outro lado que ela surgiu em um assombro reflexo. E no fim, quem é ela? Ela sou eu, refletida em mim, reflexos que juntaram um quebra cabeça de um espelho quebrado, agora eu vejo uma verdade velada cheia de justiça insana, somos dois corpos fundidos em uma única unidade, às vezes a posse e o domínio faz nossa cama, mas o gozo nos liberta de nossa intensidade insana, que como um verme que invade nossos corpos, e se revira em nossas entranhas, somos duas almas sedentas por amor, violência e vingança. Vidros quebrados; evidências de surtos não revelados, que pelos deuses telúricos foram levados, aprisionados e enterrados, no submundo dos mundos que nos norteiam quando dormimos juntos. Quem é ela? Ela é, não só um, mas muito dos meus mundos. Ela é o amor da minha vida e da morte, da lágrima e do riso, do prazer e da aflição, da luz e escuridão, ela é o espírito que fundiu-se com minha matéria. Eu a sou, somos feitos um do pedaço da carne do outro, somos dois corpos em conjunção, um molde de lama feitos por uma tempestade que clama e vinga por uma justa benção e maldição 

- Quem é ela? 
- Ela é, não só um, mas muito dos meus mundos.





14 de maio de 2022

Becos Escuros



No vermelho do céu, de nuvens densas que criam ruídos da mente, colocando em evidência a fronteira da luz com a sombra do inconsciente, vago por lá naqueles becos escuros, com um mera lanterna em busca da cura da loucura, e descubro em cômodos cheios de aranhas e serpentes que a loucura é o remédio contra a insanidade do mundo moldado por uma normalidade cruel e falsa. 

Regras impostas pela sociedade foram as causas das minhas doenças da mente e da alma. Pois dentro dessas regras moldadas por uma Matrix criada por um ser caído, existe uma tirania que castra a liberdade tanto do destino quanto do livre árbitro. Colocando todos os seres humanos em um estado vegetal e demência coletiva. Apenas seguindo tais regras, que os levam para o mesmo lugar, para o mesmo inferno, um loop de escravidão da alma e do espírito que refletem constantemente no mundo e nos poderes e naqueles que o possuem.

Entrando mais profundo dentro da minha própria mente, aos toques do pêndulo que me me conectava com o outro mundo através de uma longa mentalização com imagens, viajei dentro de mim mesmo. Descendo escadas espiraladas que me levaram a um palácio secreto e abandonado, porém ainda repleto de tesouros que servem como barganha para espiritos do submundo para criar um cenário na esfera terrestre de loucura e insanidade, percebi uma possessão habitual da infância que sexualmente sofri nós confins da décima segunda casa da roda zodical, o trauma e a possessão que em outrora foram despertos por ancestrais a fim de ter o poder de seduzir e de ter poder no mundo, abrindo uma brecha no eclipse na Syzigia antes do meu nascimento, trazendo o Mal Espírito do mundo inferior, assim fazendo com que a maldição passasse por gerações para gerações, até finalmente agora chegar a mim. Logo que nasci.

Logo vi que as escadas que eu desci, a ao olha-lhas de baixo para cima, elas não tinham um fim, passavam das esferas sublunares e de lá, uma luz me conduziria até as esferas superiores Celestes, mas que, como ainda minha alma ainda não cumpriu seu destino terreno, ainda não posso subir, sem antes discorrer o Entremundos e o Julgamento. 

Então é aqui, que eu realmente devo estar, porque é aqui que está todo o abuso que eu sofri, toda tortura. É aqui também que está o recalque, a repulsa, a pulsão da morte como desejo descontrolado de uma Vênus obscura enrolada nas serpentes de Algol, a Medusa.

Vênus da noite beijando Algol exaltando o Mal Espírito olhando e venerando o Deus da destruição, me fez descer aqui, nesse palácio cheio de espelhos que refletem meus preconceitos, meus pecados, minha perversão, minhas fantasias moldadas por fetiches aparentemente doces, mas que, quanto mais se tomava desce mel, mais deixava a outra pessoa a mercê da locura e insanidade. Muitas pessoas que entraram no meu coração, perderem suas cabeças, e o controle de suas mentes foram dispersos nos portões da vida e da morte. E eu, por breves momentos fui o Algoz e ao mesmo vítima deste mostro que me persegue em cada beco do meu destino. 

Uma maldição que quase me fez tornar aqueles que eles mais queriam, um densa e escura sombra em que tudo que eu tocasse fosse engolido pela perdição da imensidão do vazio cheio de tortura e seduções obsessivas. Quase me tornei um algoz implacável e ainda rezo e vigio os ciclos do tempo para não perder o controle da mente e da minha alma, pois o mal não é como um leão que ronda procurando aqueles para devorar, o Mal de verdade é como um ser humano comum, gentil com bons modos e ótimas vestimentas, belo e sedutor, que todos o adoram, que se eu perder o poder da vigília ele me alcança. Quando você conhece seu inimigo oculto, mais ele fica com fome de devorar você. 

Mas, não! Desci aqui. O palácio tem um rei caído, já enfraquecido, com a coroa moldada por chumbo e ouro. Era o reflexo de Saturno em aspecto com o Sol, era o Narcisismo da minha mente que tanto me destruiu. Eu era um rei de bom coração, mas com sede de poder e sangue, era uma sombra com qual eu dançava, e hoje, a sombra já está dominada pela minha mente que hoje é direcionada pela Alta Magia. O inimigo não me alcança mais pelo meu ego, nem pelos meus desejos. Hoje, ele está aqui, no fundo desse poço, que mesmo sendo um palácio, está cheio de vermes entre outros seres rastejantes inomináveis. E, eu não tenho mais medo.

Pois como diz Eliphas Levi: "Por meio de uma ginástica perseverante e gradual, as forças e agilidade do corpo se desenvolvem ou se criam numa proporção que espanta. O mesmo se dá com os poderes da alma. Quereis reinar sobre vós mesmo e sobre os outros? Aprendei a querer""

Então aprendam e mergulhem-se no fundo do poço bruto de chumbo, ao sair de lá, verá a luz que não cega, que não fascina criando fanáticos, verá que a luz e a sombra são Enamorados dentro do Julgamento da Morte que nos leva ao espelhamento da Estrela da manhã que reflete no nosso Mundo. Espantando a maldição a as correntes do Arcano XV.

Pois não há como alcançar os céus, sem antes descer o seu próprio submundo, sem antes passar pelos seus próprios becos escuros.

- Bruno Bernardes

Escrito na hora de Saturno 

30 de abril de 2022

A Casa.




Tá tudo um caos. Há vazamentos pela casa. Há vidros quebrados devido a fúria da mente embriagada. Há dívidas a serem pagas. Na balança do destino, estamos no prato com a nossa alma pesada.

Existe uma bifurcação que separa a loucura material dos clamores espirituais. E nada se coincide, pois há estafes mentais que empoieram e sujam os móveis e a nossa alma. É só um vazio, um corredor escuro, um quarto eufórico, é a sensação do nada.

Minha casa virou uma encruzilhada cheia de despachos com demandas de guerra e destruição. As bençãos subiram aos céus, nos abandonando em uma injusta oração.

Porém, no romper das madrugadas, minha alma serpenteia em ritmo dançante com criaturas desconhecidas e ao dormir, caio no submundo labiríntico da minha mente que nunca cessa seus movimentos. Mesmo em sono profundo, eu nunca durmo. 

E mesmo diante o caos, deito-me em paz ao lado do amor que umedece meu seco e denso coração. Ainda há uma Deusa ao meu lado, nos meus braços, no meu Panteão.

Mas, algo está errado. Há buracos em nossas almas causados por nós mesmos, moldados por atitudes medíocres, mas ao mesmo tempo criou-se o reflexo com as demandas externas, que agora são visíveis ao perceber que há ratos atrás das paredes roendo a nossa loucura para que ela afie cada vez mais nossos pensamentos cheio de moscas e larvas.

Todo dia parece ser uma ressaca, mente com peças pregadas, e um Espírito infestado de bactérias, que inflamam e infeccionam os sete pontos de energia de nossos corpos, bloqueando-os com desalinhamentos contínuos. Eu sou a armadilha que criou a minha própria cilada.

Sim. O inimigo é interno, sou eu mesmo, mas não posso deixar de subestimar os monstros que rondam lá fora, nos cercando com suas artimanhas. Sumindo com nossas chaves, trancando nossas portas, nos acurralando em conflitos e ilusórios debates.

E assim está o meu lar. Ele se tornou uma garrafa de álcool quebrada, estilhaçada no tempo que se impulsionou no garlago da insanidade, ela se tornou um bloqueio no meio do destino, cheio de olhares lá fora cheio de fascínio, malícia e maldade, fechando nosso caminho. 

Meu lar se tornou o fantasma solitário que não desgruda de nós, implorando por uma companhia. Que saudades das borboletas, do canto dos pássaros pela manhã, minha casa se tornou um memorial post mortem, eu, minha amada, os móveis estamos todos de luto. 

As músicas que escutamos são como discos arranhados, alegria desconexa, inexistente, sorrisos emaranhados e serrados como arames farpados.

As riquezas que o carteiro da esfera de Mercurio nos trazia todas as manhãs, não foram mais entregues a nós, destinatários. Pois os remetentes que residem em mundos superiores, nos tiraram de seus grandes planos. Arrancaram minha fé, meu santo cansou, minhas prece dispersou.

E mesmo dançando agora com as palavras. Escrevo-as triste.

Não me sinto mais em casa, e não tenho mais para aonde voltar. Nunca mais.

Hoje o inimigo vence. Eu caio. 
Caio em queda livre no Eclipse de Maio
Mas, quando eu levantar.
Todos que conspiraram contra nós, serão dilacerados.

E com o sangue, com a pele, e com os ossos de vocês, vou reconstruir e consertar a minha casa.


Bruno Bernardes