28 de agosto de 2011

Cinza

Momentos cinzas, tudo se escurece, aquelas palavras que cortam mais fundo do que qualquer lâmina, palavras que são verdades, verdade que machucam, sangram.E bem lá no fundo do seus pensamentos você é traído pelas suas fantasias, a realidade vem e te apunhala pelas costas e deixa você sem defesa. Aquele exato momento que  você percebe que o mundo é um grande choque, você sente teu corpo sendo eletrificado pelo seus sentimentos de culpa, angústia e auto decepção. É como tomar um banho de água fria, é como acordar de um sonho, e como acordar em um dia de ressaca, você percebe que não passou de uma ilusória euforia. É como acordar em um domingo ensolarado, olhar para o céu e não conseguir enxergar o sol. É sentir o calor e olhar em sua volta e tudo estar cinza. Você percebe que sua vida está nublada e há uma ventania que sempre impede que a chuva caia, e assim então tudo fica cinza e isso nunca muda, nada ilumina nada. Muda apenas a cor dos teus olhos no espelho, que logo você percebe que muda do castanho para o vermelho seguido de lágrimas. Você caminha de volta para a casa sem querer chegar, você sente um desejo de sumir no meio do caminho, de desaparecer na jornada. De erguer a cabeça e dizer, acabei por aqui. Mas como nada é tão simples assim, você continua vivo como se a vida fosse uma eterna ressaca.  Meu mundo tá cinza, pensar é como assassinar a minha mente! Eu vou chegar lá ainda, em algum lugar que tenha um espelho que mostre algum sentido. Um reflexo da verdade, mesmo que ela seja trágica.

10 de agosto de 2011

Uma semana


No teu copo com fogo fluem desejos nos meus olhos vermelhos…

Queria eu imaginar que ela não existisse, somente por um momento eu não queria que ela estivesse ali, mas ela estava, e estava realmente pronta para me levar ao mundo dela. Ela me deu uma carona no teu carro que tocava músicas de outra dimensão, enquanto as luzes da estrada refletiam as nossas almas ela me olhava atentamente e em instantes ela segurou as minhas mãos. Paramos em um lugar, um lugar distante de todo o mundo, um bar em um lugar paralelo onde somente nossas mentes poderiam chegar, um bar quente com bebidas quentes. Enchemos o porta-malas com todas as bebidas que conseguimos e partimos em busca de uma noite divertida e perdida. 
Por mais que parecesse ser tudo imaginação, era real, mais que real. Tão real quanto o toque suave das mãos dela em meu corpo, seu beijo molhado que intensamente arrepiava a minha alma com cada movimento da sua língua, a boca dela dançava junto com a minha, estávamos dançando a dança do pecado e da luxúria, estávamos pecando e nos entregando ao desconhecido e tão desejado prazer íntimo de nossos pensamentos, em um só ato de sexo extremo. E quando eu me dei conta eu estava em um apartamento em uma cidade desconhecida, um lugar abandonado pelo tempo e que tinha cheiro de flores, cheiro de rosas, incensos e o perfume do corpo dela, cheiro de prazer, sexo, amor. 

E então o que eu esperava que não existisse se tornou real, era como se eu estivesse sonhando acordado dentro de meus deslumbres e delírios, cada suspiro, cada movimento fazia o quarto se contorcer junto à minha imaginação, os objetos flutuavam e o único som que eu ouvia, eram os gemidos de prazer dela e os ruídos da cama sob o chão. Aquele lugar estava me hipnotizando de todas as formas. O ato de prazer se tornou algo perturbador mas me excitava impulsivamente e eu me entregava cada vez mais a ela! Percebi que não era amor, era sexo, era sujo, mas com carinho, de uma forma estranha havia muita compaixão, aqueles olhares profundos dela, e nossos corpos se movimentavam como um só, os toques suaves no rosto, carinhos, beijos românticos, abraços queimando de paixão!

E então o tempo voltou ao normal, o relógio voltou a fazer tic tac, estava funcionando, dava pra ouvir o barulho dos carros lá fora, de pessoas acordando para irem cuidar de suas vidas, percebi então que já havia passado mais de uma semana, e nesse tempo alimentei-me somente de sexo, bebidas alcoólicas e comprimidos coloridos e esplêndidos. Olhei para o meu lado, e lá estava ela, aquela que me seduziu, me embebedou, e me drogou, e me levou ao mundo dela por alguns dias, ela acordou com um sorriso, passou a mão sobre o meu rosto, percebi que era ultima vez que íamos nos ver, e foi, mas eu também tive a certeza que ela nunca ia me esquecer, e que eu jamais iria tentar apagar esta lembrança. Ela está guardada na memória, aqui neste texto, em diários, em pensamentos, está guardada dentro de mim.