25 de outubro de 2014

Decepção

Todas as promessas fizemos, nós as quebramos
Todas as bocas que você jamais disse que iria beijar, você beijou
Todos os dias que passamos juntos não estávamos realmente juntos
Estávamos em um universo longe de nós mesmos flutuando
Todos os corpos que você jamais disse iria tocar, você tocou
O tempo ficou um inferno entre nós
Mias quente do que brasa
O nosso tempo apenas passou
As horas se inverteram contradizendo todos nossos sonhos
Hoje não somos, o que um dia juntos já fomos
Você é um exemplo perfeito do real que se torna abstrato
Não há mais boas lembranças
Boas lembranças não se tornam passado
Elas sempre ficam presentes
No momento constante dos nossos abraços
Mas não há mais nada que vale a pena a lembrar
Você é a prova que realmente que o passa
Realmente fica no passado
Eu não consigo mais te imaginar
Eu não consigo mais te amar
Você se foi com meus medos
Os tonando reais
Me fazendo se enojar
O que eu conheci não existe mais
Só há a vergonha de falar
Que um dia eu estive ao seu lado para amar
Mas sou homem para assumir que te amei
Mas nunca mais vou dizer que do seu lado sempre vou estar
Pois você se foi
E se tornou algo que eu desejo matar
Uma diferença que se tornou indiferente
À todo aquilo que eu sempre quis desejar
Tudo está morto
Você me matou
E me fez ressuscitar
E agora estou em um mundo
Que você jamais irá encontrar
Você ficou num universo imundo
Não se conhecemos mais
Eu sinto saudade de sentir saudades de você
Mas
eu
prefiro
me
matar.


18 de outubro de 2014

Esquizofrenia

Sua voz soa como ópera em meus ouvidos
Mas você não está aqui
Sua palavras em desconcerto
Suas palavras sem nexo
Minha mente está em grande margem de erro
Não ouço bem o que você quer dizer
Você parece estar aqui bem perto
É tão suave
É tão frio
Como o inverno
É tão confortante
Como andar
Sobre as brasas do inferno
Logo suas palavras entram ritmo confuso
Me fazendo de altar para o seu ego
Me fazendo ser o teu segredo obscuro
Sua voz cada vez mais concertante
Cada vez mais perto
É como se você fosse sair da minha cabeça
E se materializar em meus lençóis
Seu perfume, o cheiro da tua pele
Inundou os meus pensamentos como um mar em tempestade
Mas eu sabia que era pura frenesi
Eu sabia que aquilo não era algo da realidade
Mas eu sabia que você pedia algo
Algo a sangue frio e sórdido
Ou talvez era apenas seu fantasma
Tentando assombrar o meu eu psicótico
Você estava voltando aos poucos
Me deixando louco
Me deixando neurótico
Mas a sua voz me seduzia
Num irresistível transe erótico
E aos poucos você me conduzia
Levava meu corpo sem alma
Para onde você queria
Sua voz me comandava
Me levando em uma bela escuridão
Que somente eu a abraçava
Num lugar escuro distante de mim mesmo
Mas ao mesmo tempo lá dentro de mim
Entre as veia e artérias
No labirinto do meu coração
Logo eu entendi a sua conspiração
Quando eu cai em si
E vi em frente de mim
Um genocídio  onde só havia corpos mutilados
Sangue e destruição
Só assim pra eu perceber que sentimentos
Somente nos deixam internamente dilacerados
Enlouquecidos
Desvairados
Mas não havia mais volta
E foi assim que eu entrei em seu ritmo
No ritmo da sua voz que antes eu não entendia
Entrei no ritmo e dancei a sua canção
E em troca ganhei novamente sua companhia
Numa imensa imensidão
Abraçados entre nossas entranhas
Em nossas carnes vivas
Num purgatório da mais intensa emoção
Num estalo de segundos
Eu deixei de existir
Assim como matei todos aqueles em minha volta
Aqueles que sua voz me dizia
"que eles não podiam mais pertencer ao nosso mundo"
Logo eu me tornei a morte viva
O passado sempre volta
Mesmo eu mesmo ter te enterrado
Você voltou em forma de uma maravilha
Voltou e me fez perceber que eu sou teu único amado
A tua única fantasia
Voltou e se encontramos como se fosse o nosso primeiro encontro
Aquela lembrança que ainda guardo em tons vermelhos num pano
Naquela tarde quente e ímpia
Mas dessa vez nos encontramos dentro de nossas mentes
Num tom que soava como uma canção delirante
Tua boca gelada na minha
Meu corpo pálido sobre o seu
Compôs perfeitamente o lugar da nossa melodia
Era a nossa música, era o nosso momento
Dançávamos juntos nos neurônios da esquizofrenia.

17 de outubro de 2014

Violência

O primeiro golpe nas narinas
Quebrando os ossos com meu punho
É quando meu cérebro libera a serotonina
Você cai no chão e tudo fica escuro
É quando meu cérebro com o prazer se comunica
O poder torna-me obscuro
Liberando maravilhas sensações químicas
E no chão mais um vagabundo
Jogado na sarjeta da vida
O segundo golpe com o ferro do meu coturno
Ouvindo os estralos da sua espinha
A coragem me torna em um forte escudo
E quando o teu sangue espirra
Sinto nos pelos de meus braços uma sensação
E a minha pele se arrepia
É o controle de toda a situação
Você fez o que não devia
Agora eu justifico meus atos
Com a minha mente impulsiva
Cada pensamento
Cada palavra
Faz mesmo assim eu ser a vítima
Pois o quebra cabeças da minha alma
Tudo se justifica
Tudo se encaixa
Fazendo você sentir a minha bondade agressiva
Você me sentir vivo
Você me deu energia
Você caiu
Eu venci
Você fez meu coração palpitar e sentir mais a vida.

"Eu prefiro ser pacifista do que violento
Mas eu prefiro ser violento do que covarde"
- Anton LaVey




3 de outubro de 2014

Apaixonados.

Mais uma noite eu não poderei me recordar
A noite está com um bafo horrível de álcool
E de sexo o quarto está infestado
Teu corpo como uma cadáver
Pálido
Magro
Gelado
Esquenta o meu quente coração
Impulsa o meu orgasmo
Marcas de batom com tons de ilusão
Seus pés com unhas vermelhas
Suas nervos atrofiariam
Deixando expostas suas veias
Em teus pulsos as marcas das algemas
Formando em prazer uma cadeia
Dois animais peçonhentos
Como aranha e escorpião
Fazendo você ser a minha presa
Na minha teia
A escrava que o carrasco deseja
Enquanto nossos corpos conduzia a sedução
Os anjos nos viram, nos observaram
Eles cantaram
O belo foi desenhado na imensidão
Os anjos caídos sobre nós, eles cantaram
Gritaram
Ao ritmo das batidas do coração
Do meu do e do seu
Entoaram os anjos caídos
Um cântico do pecado
Em ritmo de dois corpos em espaços sombrios
Acordamos nas ruínas de nossas fantasias
Nas ruínas de garrafas destruídas de vinho
Mas acordamos bem
Tendo um ao outro
Caídos em prazeres furiosos de um céu nublado
Porém divino
Ao mesmo trágico
Dois organismos físicos em um espaço
Dois mundos cheios de abalos sísmicos
Dois mundos entrando em colapso
Almas em uma forma de um nó
Em forma de um laço
Interligados
Dominados
Como uma transfusão de sangue
Nos doamos um ao outro
Orgasmos
Como um casal que matam todos
Quando estão apaixonados.

1 de outubro de 2014

IRA!

Eu sou aquele que te cria
Eu sou aquele que te destrói
Eu sou aquele que causa a ruína
Eu sou aquele que reconstrói
Todos estão abaixo de mim
Eu sou o maior
Eu sou o melhor
Eu sou pior que uma pedra no seu rim
Eu sou o mar em fúria
Eu sou a água que te afoga
Eu sou a força superior obscura
Eu sou a catástrofe
Eu sou a tempestade que alaga o mundo inteiro
Eu sou o juri
Eu sou o juiz
Eu sou o executor
Eu sou teu carrasco
Eu sou aquele que rompe barreiras
Eu sou um assassino nato
Eu sou aquele que transforma os rios em sangue
Matando povos de sede
Eu sou o sapo que invade as avenidas
A sua rua
As vielas e vias
Eu sou o sapo que entra na sua casa
Eu sou o sapo que entra em suas tripas
Eu sou a nuvem negra que escurece os céus
Eu sou o gafanhoto que devora toda a tua comida
Que devora literalmente a sua carne viva
Que devora literalmente toda a sua família
Eu sou aquele que faz você se coçar até se machucar
Eu sou a infecção
Eu sou aquele que mata todos seus animais
Eu sou um buraco negro perfeito na imensidão
Eu sou a morte em doses homeopáticas
Eu sou a bactéria que destrói seu sistema imunológico
Eu sou todas as quinas de objetos em suas unhas encravadas
Eu sou o parasita que te faz adoecer no meu teatro fantasmagórico
Eu sou aquele que não vai recuar até enterrar cada um de vocês
Eu sou aquele que você irá se curvar
Eu sou o chuva de granizo
O vento sufocante
Eu sou o frio
Eu sou aquele que você deve idolatrar
Eu sou a ascensão
Um narcisista com sede de matar
Eu sou a escuridão
Eu sou o fogo que queima povos
Eu sou a explosão do vulcão
Apenas se curve aos meus joelhos
Beije meus pés e faça tudo que eu te ordene
Pois eu sou Deus.