26 de maio de 2014

Estar

Caminhe comigo pelas tempestades sem relâmpagos.
Caminhe comigo sobre os quatros climas do ano.
Caminhe comigo pelo verão sem sol.
Caminhe comigo na primavera, no inverno, no outono.
Apenas esteja, fique.
Caminhe comigo onde o silêncio ecoa no eterno.
Caminhe comigo sobre os muros caídos de Berlin.
Caminhe comigo sobre as ruínas, sobre as brasas do inferno.
Caminhe comigo nesse longo caminho sem fim.
Apenas esteja, fique.
Caminhe comigo sobre o destino.
Caminhe comigo enquanto o mundo da voltas.
Caminhe comigo sobre a florestas do vale perdido.
Caminhe comigo sobre nossas indas e vindas, nas nossas reviravoltas.
Apenas esteja, fique.
Caminhe comigo em universos paralelos.
Caminhe comigo em museus com antiguidades inexistentes.
Caminhe comigo entre os horrores e os belos.
Caminhe comigo sobre as três dimensões existentes.
Apenas esteja, fique.
Caminhe comigo nos meus sonhos, nos meus pesadelos.
Caminhe comigo sobre a coragem.
Caminhe comigo sobre o medo.
Caminhe comigo no caos da tempestade.
Apenas esteja, fique.
Apenas esteja comigo como se nunca estivesse estado antes. Esteja aqui.
Esteja sempre aqui ou criarei especiais verbos escritos.
Explicando cada detalhe numa lâmina em versos sombrios.
Apenas esteja, do verbo estar, ou criarei maravilhosos verbos como lhe matar.

21 de maio de 2014

Drogas

O amor pode ser um analgésico que nos priva da dor
O amor pode ser um antidepressivo que nos faz sorrir quando estamos tristes
O amor pode ser um antipsicótico que nos priva das loucuras que ele nos leva a fazer
O amor poder ser um ansiolítico que nos fazem adormecer em paz destruindo aqueles pensamentos que não nos deixam dormir.
O amor pode ser tudo isso.
Mas ele não pode ser uma única coisa: Pra sempre.
Pois como eu metaforicamente escrevi, quase que literalmente
O Amor é uma droga.

16 de maio de 2014

O Trato

Cacos de vidro no chão
seu perfume impregnado na minha escuridão
és como uma lâmina sua língua
manchas de sangue no colchão
nervos a flor da carne viva
garrafas de vodcas cheias de ilusão
uma noite especialmente sombria
onde a frio da noite especifica a frieza no nosso coração
fizemos um trato como aqueles que se faz com o demônio
deixando nossas mentes expostas ao frio de outono
protegendo nossos egos de um suposto futuro furacão
é belo e ao mesmo tempo violento
tudo num acorde que toca suavemente bem lento
criando uma maravilha dentro do nosso próprio terror e assombração
mesmo que as vezes nossas palavras ecoam no silêncio
batidas fortes dos nossos corações criam uma emoção
as vezes fogo as vezes explosão
linhas sinuosas entre a fúria do nosso nascimento
na noite que se encontramos na nossa condenação
buscando aquilo que nos traz mais euforia
mas ao mesmo tempo um maravilhoso sofrimento
a noite não deveria acabar
deveria continuar
a e música no carro poderia eternamente durar
mas passa-se sempre o tempo
fazendo nos cair em profundo sono
acordando com aquela boca seca
num clima aparentemente satânico
onde não há mais bebida e nem beleza
em nossos quartos, sozinhos com nós mesmos
se revirando em nossos lençóis
como se estivéssemos se afogando em um oceano
e em nossas mãos uma insensível tremedeira
mas a ironia de tudo isso, é que isso me completa
o teu mau completa meu bem e o meu mau completa o seu
os relógios tocam o alerta
o tempo não para
é só olhar para a lua e já sente-se a vontade de voar
exatamente por isso devemos continuar
vendemos as nossas almas a nós mesmos
temos que continuar a matar.