20 de outubro de 2015

As luzes dos postes em frente de casa queimaram

Tá tudo escuro
Minha alma e a escuridão se encontraram
Estou sozinho
As luzes dos postes em frente de casa queimaram
Medo?
Eu?
Medo dos perdidos da madrugada que podem arrombar as portas?
Que podem roubar e matar?
Não! Jamais. Eles que deveriam ter medo de mim
Aliás nunca ande no escuro
Pode-se encontrar um monstro lá
E eu estou aqui em frente
Com a sanidade armada de paranoias
E com as paranoias armadas com granadas
Que os queimariam fazendo deles meras pólvoras
As luzes dos postes em frente de casa queimaram
Do escuro dá para enxergar melhor quem está vindo da luz
Que venham os homens cegos de coragem
Que eu os empalarei com uma afiada cruz
As luzes dos postes em frente de casa queimaram
Só estou aqui à paisana
Em busca de paz e sossego
Quero sentir o vento
Encontrar uma brisa
Que se conecte
Com minha mente sombria
As luzes dos postes em frente de casa queimaram
E espero que permaneçam apagadas
Assim dá pra ver claramente
As criaturas que agora estão despertadas
Elas vagam como exércitos marcham
Em busca de sangue e caçadas
As luzes dos postes em frente de casa queimaram
Assim dá pra ver melhor o luar
As criaturas uivam
E eu só quero ouvi-las
E aos uivos delas
Dançar
As luzes dos postes em frente de casa queimaram
E eu só quero que o brilho da lua
Brilhe em meu olhar.

18 de outubro de 2015

Alienígena

Talvez o mundo
Seja um ficção cientifica
Talvez eu seja a verdade
Em meia de tanta mentira
Talvez o mundo
Seja um laboratório
E nós somos experimentos suicidas
Talvez tudo seja ilusório
E estamos sendo enganados com métodos realistas
Talvez eu faça parte disso
E um dia irão me buscar
Talvez a ficção seja apenas verdades doloridas
Talvez nada seja real
Talvez eu nem exista
Talvez essas palavras foram programadas
Para serem escritas
Talvez eu simulei isso numa viagem do tempo
Talvez esse texto não seja uma poesia
E sim um aviso
Para que todos possam fugir
Da invasão que está por vir
Talvez eu não seja humano
Talvez um dia eu tinha sido
E no futuro eu não seja mais
Pois não existe mais nada que eu sinta
Nenhuma forma de afeto ou carisma
Eu não sinto mais a vida
A vida é que tenta me sentir
Vamos sintetizar a carnificina
Vamos criar
Um mundo que não seja genocida
Vamos destruir vocês
E fazer desse mundo
Um lugar melhor
E o primeiro passo
É colocando em extinção
Cada seja humano imundo
Talvez eu tenha usado drogas demais
E isso não passa mais de uma viagem enfurecida
Ou talvez meu coração não bata mais
E agora eu bebo no gargalo
Toda a misantropia
Talvez eu não seja que nem vocês
Talvez eu seja um alienígena .

17 de outubro de 2015

Lapso

O gosto amargo da mente distorcida
Bebo a loucura no gargalo
O gosto doce de um pensamento homicida
Bebo todo o sangue antes que ele vá pelo ralo
Sinto vermes arranhando a minha espinha
Ouço vozes gritarem dentro do meu cérebro agitado
Um gole apenas de inseticida
Matando os insetos que se infestaram no meu quarto
E se dilata a euforia em minha pupila
Um gole apenas de um momento solitário
O gosto doce de mim mesmo
O gosto da víscera
Meus sentimentos estão em decomposição
Eu não sinto mais aquela mão amiga
Eu apenas quero incendiar toda a multidão
Eu não tenho mais abraços e nem despedidas
Eu sou o vazio que vaga na população
Minhas palavras eram sinceras
Agora são assassinas
Ninguém me olha mais nos olhos
Eu me tornei a escória na cidade perdida
O tempo parou em todos os relógios
Me olham como se eu fosse um monstro
Daqueles que te pegam e comem sua carne viva
Ninguém me quer por perto
Pois tudo que eu toco se putrifica
Todos que entram
Eu já sei que eventualmente já estão todos de saída
Ninguém permanece
Ninguém fica
Todos sentem medo
Como se eu fosse uma entidade sombria
Como se eu fosse de outro mundo
Caçando almas queridas
Talvez eu seja mesmo essa monstruosidade
Mas talvez eu não seja o louco
E vocês sim que sentem tanto medo
De conhecerem o sabor da intensidade
Talvez você se tornaram humanos fracos
Com almas enfraquecidas
Talvez o meu meu amor seja assustador
Pois tudo que é real
Pode nos causar dor
Tudo que é de verdade
Nos assusta e machuca
Temos medo do desconhecido
Sendo que talvez a felicidade esteja
Naquilo que ainda não conhecemos
Talvez mesmo eu tenha essa energia
Que causa medo
Pois ela entra em você e a analisa
A energia psicótica ao olhos dos estranhos
Pois ela entra em você e a magnetiza
Talvez ela só esteja te oferecendo
Uma entrada para uma saída
Ou tudo isso seja apenas
Uma sensação humana
De arrependimento
Depois de vários goles de tequila
Talvez seja apenas um momento
Logo vai passar
Talvez eu não seja um monstro
Talvez seja o ácido
Talvez seja mais uma recaída
Apenas mais um lapso.

14 de outubro de 2015

O Abismo.

O mundo é um abismo natural. Logo que nascemos estamos condenados a viver a vida. A vida pode ser bela em vários aspectos. Mas ela é cheia de encruzilhadas. O abismo ao passar dos tempos, mesmo que de forma atemporal, sem mesmo percebemos, o abismo torna-se parte de nós, como um órgão vital que de forma inconsciente não percebemos que ele está dentro de nós mesmos. E sabendo disso, o lugar mais perigoso do mundo, é o profundo do ser humano, o desconhecido que nem nós mesmos conhecemos, pois todos temos uma personalidade oculta, ali escondida, que evitamos que nossos pensamentos mandem energias para lá. Então quanto mais profunda for a intensidade, mais as emoções irão despertar o monstro que existe dentro de nós, aquela fera que pode devorar tudo e a todos, sem nenhum vestígio de piedade. Piedade é vulnerabilidade, é um sinal de fraqueza extrema. Os sentimentos devem ser extirpados, para sabermos diferenciar o nosso labo bom, e o nosso lado ruim, para então, termos controle sobre nós mesmos, e sobre nossos impulsos. Acredito que o ser humano se perdeu no mundo há muito tempo. Mas vamos devagar, alguém tão perdido como nós pode acabar nos encontrando. E poderemos fundir nossos caminhos perdidos, encontrando finalmente uma saída dessa selva que é a nossa natureza humana. Mas o ser humano esqueceu o que é humanidade. E está somente alimentando a sua sede de poder, de cavar mais pra cima, deste abismo que já nascemos dentro dele. E que a vida fez ele torna-se parte de nós. O mundo nos condena a sermos livres na prisão dentro dele mesmo. A vida é cheia de ficções como as dos filmes de terror, só que em realidade constante. Nadamos em rios de sangue. E descobrimos que a felicidade é uma mensagem subliminar obscura que no final a decodificamos o que está por trás são apenas sorrisos cínicos das pessoas. Descobrimos que por trás de um dócil rosto, pode haver muita maldade. Nada é real, é tudo somente um teste de sobrevivência, para quem vai conseguir chegar acima da cadeia alimentar. Cabe a nós mesmos, escolhermos, dentro desse abismo, se iremos cavar pra cima, e chegar ao poder e ao controle, ou se iremos cavar para baixo e servir quem estiver reinando lá em cima. Qual a sua escolha? Ser a presa ou ser o predador? Eu escolhi alcançar os céus e roubar os tronos dos anjos e dos demônios. Serei meu próprio deus, vivendo de forma carnal e magnífica. E vocês? Se concordaram comigo, pensem comigo. "Todos vivemos em um abismo. A única diferença é a profundidade que nós mesmos cavamos. Quão profundo é o seu fundo do poço?". Vamos crescer e subir na vida? E nos salvarmos? Vamos conquistar o mundo, e quem sabe, em um futuro, conquistar o universo. Vamos sair deste abismo?

11 de outubro de 2015

Morto vivo.

Você chega ao um momento da sua vida em que a morte é mais amiga de você do que sua própria vida. Sua vida abandona você na esquina, enquanto você está bêbado, sozinho e sem nenhum amigo por perto, numa zona perigosa da cidade. E mesmo assim, você acorda no dia seguinte, e a vida te obriga a viver. Mas a morte está ali em forma de pequenas doses de sensações de poder. A euforia se apaixona por você, e você a beija e a abraça forte. As pupilas se dilatam no tempo. A mente se distorce em insanos pensamentos. A vida te abandona, quando você precisa de ar pra respirar. Você fica entubado em uma cama de hospital. Fazendo lavagem estomacal. A vida te abandona quando você precisa alimentar seus vícios. E o coração fica com cheiro podre de hospital. A vida tenta te convencer que a ambição são somente ilusões de grandeza. A vida te mostra que os sonhos são a destruição da realidade. E quando você está chegando lá em cima, no topo do seu próprio ego. Seu coração acelera, o pulmão fecha, e a vida te chuta lá de cima, e você cai direto em um esgoto cheio de sujeira. A vida faz você sentir falta do fundo do poço, pelo menos lá tinha água e doses de cachaça pra você entrar em coma. E permanecer ali. Mas a vida vem e rouba até o pouco de miséria que mal temos. A vida não nos deixam dormir, ela prega nossos olhos, com agulhas, costurando nossa percepção sem anestesia no quarto da insônia. E a insônia mantêm minha imaginação se dilatando na paranoia. A vida me olha com os olhos bem abertos em meus olhos, e não me diz nada, levanta e me dá as costas. A vida me abandona quando eu preciso dela para vivê-la. Ela sai do quarto, fecha e tranca a porta. E me deixa morto lá dentro de mim mesmo. A vida ainda não sei o que ela é, não sei qual o sentido dela. Só sei que acordo todo dia, e me deparo com ela no espelho. Ela encara minha alma e me oferece um cigarro toda manhã. Ela é simpática no café da manhã, quando leio as tragédias e os assassinatos em séries pelo jornal do dia. É só mais um dia normal da minha vida, eu sei. Mas a vida me olha como se eu fosse o principal suspeito. Mas também me olha como se eu fosse um erro perfeito. A vida talvez seja eu mesmo, cobrando demais de mim mesmo. Aliás a vida é minha, e eu faço que eu bem entender. Talvez seja somente eu, apaixonado por uma imagem distorcida e distante no espelho, Talvez as minhas qualidades sejam o meu maior defeito. A vida nos cegam com doses de egomania nos fazendo sonhar alto demais. E ela mesma nos derruba lá de cima, para nos fazer acordarmos pra vida. A vida me matou e me deixou vivo. Mas eu não sinto nada. Eu me alimento de mim mesmo, deixando expostos meus sentimentos em carne viva. Deixando toda a empatia em estado lento de putrificação. A vida me transformou em um animal sem instinto. Em um ser estranho esquisito. A vida é como um carrasco insensível a sangue frio.
A vida me transformou em um morto-vivo.