21 de agosto de 2015

Vênus em Escorpião

Capture meu coração
prenda-o com algemas em um cativeiro, 
em um quarto escuro que já foi cena de um crime em série. 
Sangue nas paredes
algumas gotas de há muito tempo
outras tão recentes. 
Deixe-o lá
e o alimente com seus beijos.
E eu sinto uma brisa
há algo além de mim
aqui nesse recinto
observando cada desejo
que sinto.
Não está no chão
nem nos cadáveres 
que estão putrificando
ali naquela doentia
sensação.
Então acontece, finalmente.
O que planejei desde o começo
eu sinto, 
ele está no ar
é você se conduzindo até mim
você me trouxe
o seu amor.
Agora
o amor está no ar
me cegando com sua fumaça
infelizmente você é o ar que respiro
e você sufoca
me mata.
Mas o tempo se despedaça 
ele se perde nos ponteiros do relógio
e eu me torno o seu único abrigo
mesmo eu sendo
o seu prisioneiro
amordaçado e com frio
na verdade
mesmo eu estando algemado
é você que está presa a mim.
A morte paira no ar
matando você por dentro
a tua intensidade brilha
estou supostamente ao seu poder
mas na verdade sou eu que estou por dentro
eu sou o seu parasita.
Estou te olhando
e olhando cada vez mais perto
e admirando a minha conquista
meu plano
sendo executado de forma precisa
agora seu coração
bate por mim de forma doentia.
Bate tão forte
que deseja a morte
ao invés de me sentir
dentro da sua carne viva.
Vênus entrou em escorpião
e agora quem está presa é você mesma
dentro de si mesma
e eu observo cada detalhe da sua ruína
você está sentindo seu próprio ferrão
saboreando sua própria fantasia
o seu veneno nos uniu aqui na escuridão
e você agora percebe que sou a tua única companhia
e você me olha fixamente
transmitindo um olhar de amor e ódio
com sede de vingança
mas você é minha
você não tem mais o poder em suas mãos
agora eu sou sua única energia.
Sem mim, sem meu tesão
você não tem vida
o desejo o capturou viva
e agora está presa em mim
tanto quanto estou a você.
Você me ama querida
olhe para mim
me beije
e perceba
há insetos em todo o porão
há insetos em meus beijos
há insetos em nossos corpos
olhe em volta 
e me abrace
pois estamos mortos.