20 de janeiro de 2015

O Deserto

Eu tinha balas carregadas em meu coração
E em um deserto de devaneios paralelos
A minha mente as disparou mirando em toda a paixão
Só havia o sangue seco na areia pelo sol
Só havia os beijos enterrados na areia pela escuridão
Os abraços se tornaram uma miragem
E o pior
Você se tornou a minha maior desilusão
Você ia sumindo a cada passo que eu dava
Quanto mais eu me aproximava
Mais era ofuscada a sua imagem
Mais distante você ficava
Eu gostaria que você ainda estivesse aqui
Mas você foi morta pela minha bondade mal intencionada
E então permaneci na noite em volta de uma fogueira para me aquecer
E você se tornou cinzas no ar
Você agora era um fantasma que eu gostaria que pudesse aparecer
Mas eu já estava sendo assombrado pela saudade
Pelo monstro que eu mesmo criei
Moldado pela minha loucura e pela falta de piedade
O que era fogo foi se tornando frio
Nada me aquece mais
Nem as larvas de um vulcão
Nem o fogo que se combate com fogo
Você seguiu embora para longe da minha direção
Só os teus abraços poderia me aquecer
O toque de suas mãos
O teu corpo repleto de um perfume que somente os anjos devem ter
Os teus beijos cheio de tesão
O teu toque impregnado pela beleza de um anoitecer
Os teus lábios cheios de sedução
Mas quanto mais vago
Mais a psicose torna a morada em minha volta
Há dias estou nesse deserto
Pensando em você
Que nem sei mais se tudo isso é real
Que nem sei mesmo se você realmente existiu
Talvez em meus devaneios, eu te criei
Talvez em um mundo paralelo
Eu te conheci e te amei
Só sei que neste mundo
Não há ninguém aqui
Além da companhia do obscuro
Nem sinto mais meus pés no chão
Acho que estou indo para o céu
E quem está me levando é um anjo
Que no olhar dele
Só transmite solidão
Engraçado como ele se parece comigo
É. Eu me perdi novamente dentro de mim mesmo
Me perdi em um deserto que eu mesmo criei moldado pela ilusão
Talvez nem eu mesmo exista mais
Talvez seja tudo uma alucinação.