28 de dezembro de 2015

A overdose que se transformou em poesia.

A vida costumava ser uma festa sem fim
Os abraços sem sentido
Os beijos de língua em desconhecidos
O limite era irreconhecível
Não existia, nunca existiu
Eu estava assim o tempo todo
Bebendo no gargalo dos atos sujos de um libertino
Sentimentos adormecidos
Troca de olhares vazios
Minha vida tinha uma heroína que me salvava de todos meus medos
Eu costumava procurar ela e corta-la em pedaços
Alinhando-as de forma precisa
Jogando fora tudo que eu tinha
Em uma nota enrolada sem valor
E a usava de forma fina
E ao mesmo tempo de forma arrogante, agressiva
Então o meu mundo implodiu
As estrelas finalmente estavam todas caídas
Tudo eventualmente foi perdendo o brilho
Meu olhar era refletido de recaídas
Mas era fixo quando eu estava no volante
Eu pegava todas as avenidas
A fim de se perder dentro do inconstante
Eu estripava minha próprias tripas
Mas eu me sentia como um máquina mutante
Os lapsos era um tiro de balas perdidas
Eu era um desastre em direção de um irreal horizonte
Era uma miragem repleto de quentes euforias
O calor acelerava o coração
O suor me dava sede por mais uma linha
Só mais uma, um tiro no escuro
Pura ilusão
Mas...
Eu me encontrei se perdendo no mundo
E eu mudei a rota
Eu dei a volta
E voltei para casa
Com a mente quebrada exposta
Cheio de rachaduras e feridas
E enfim tudo teve a sua reviravolta
Demorou para a festa acabar
Não preciso mais beber
Não preciso mais de cocaína
A noite amanheceu
E eu acordei pra vida
Hoje eu tenho overdoses...
Escrevendo poesia.

Hoje dia 28 de dezembro de 2016, completa 3 anos que estou limpo. 
Também completa 3 anos que quase perdi a vida.
Jogado em um hospital, tendo uma overdose.
É, acabou a adrenalina.
- Bruno Bernardes