12 de dezembro de 2015

Eu não vou mais cair

Aquela rua deserta sem saída
Onde as folhas dançam
Com a ventania
Folhas de árvores que não existem mais
De árvores caídas
Eu já estive aqui antes?
Me sinto em paz
Em meio esta ruína
É um beco
Onde assassinos
Aguardariam suas vítimas
Mas eu sou a única pessoa aqui
As nuvens do céu parecem vísceras
É uma outra dimensão?
O que eu estou fazendo aqui?
E de repente
Acelera o coração
Eu me transformo em coisas desconhecidas
Não sei descrever
Eu sou uma mutação?
Memórias surgem
Como lembranças sombrias
Confissão!!!
Aqui é onde eu me escondo
De mim mesmo
Apenas me lembro do sangue
E de deformadas mandíbulas
Meus punhos doem
A dilatação se instala em minhas pupilas
Meus dentes rangem
Logo percebo mil euforias
Meus lábios mordem
Logo percebo que aqui é um local
De pessoas moldadas por taxidermias
Eu fugia de mim mesmo
De quem eu não queria ser
Logo percebo que sou o assassino
E também sou todas as vítimas
Eu sou o meu próprio assassino em série
Eu estava matando todas as personalidades
Que estavam me consumindo
E me levando a fazer bestialidades
Anoitece e fica tudo escuro
E complexamente só na escuridão
Que consigo ver que há uma saída
Então eu me jogo dentro dela
Caminhando no escuro
Sem saber isso onde me levaria
Mas eu cheguei aqui agora
Estou em casa
Escrevendo poesia
Me olhando no espelho
O reflexo de mim mesmo
Uma alma perdida
Não estou delirando
Agora eu sei controlar a minha insanidade
Matei todos os alter egos cheios de manias impulsivas
Deixei só um alter ego a salvo na sociedade
O mais perfeito narcisista
Agora eu tenho o poder e o controle de minha identidade
Eu existo agora
Eu estou aqui para transcender minha vida
Eu sou um homem agora
A vida te mata várias vezes
E eu nem percebia
Que a dor de cada apunhalada
Só me amadurecia
Agora eu apenas preciso me manter
Aqui em cima

Eu não vou mais cair