19 de julho de 2016

Dança Macabra

Olhares vidrados
Você apertou forte a minha mão
Anjos e demônios foram despertados
Agora eu sinto a sua ofegante respiração
Nossos olhares se tornaram enigmáticos
Você mordeu o meu coração
Espirrou-se o sangue da emoção
O amor saiu de dentro de mim
E arrancaram-se as pústulas de uma doente paixão

Uma ligação que nos prendia
Dentro de uma carnificina
Onde éramos dominados por uma obsessão
E os anjos tocavam suas trombetas
E então se iniciou a dança da chacina
A dança de nossas almas
Moldadas por blasfémias e sedução

Você me permitia pegar forte em sua cintura
Esmagando lentamente seus ossos
Você gemia dentro de uma fantasia obscura
Apreciava a dor
E ao mesmo tempo arrancava a minha pele
Com a unha

Estavámos em um salão onde o diabo tocava violino
Enquanto deus dançava como um bailarino

O equilíbrio estava se conduzindo
Você me beijava arrancando meus lábios
E os engolindo
Eu enfiava meus punhos
Em você lentamente
Em todos os seus orifícios
Até os seus ossos lhe despindo

Literalmente estávamos nos entregando
Ao prazeres da carne
Gozamos o amor e a dor
Aos poucos sentindo
Dominados por uma diabólica líbido

Era celestial
Era belo
Era bestial

Nossas vísceras enfeitavam a pista de dança
E quanto mais nos entregávamos à paixão
Mais monstruosos nos tornávamos
Era intenso mas também era repleto de obsessão

Nossos olhos ficaram tão vidrados um ao outro
Que congelamos no tempo
Em um plano desconhecido vagando na imensidão
E por mais que houvesses anjos e deuses em nossa volta
Éramos monstros
Estavámos apaixonados
Seguindo cada passo um do outro
Em uma dança de perseguição

Por mais que fosse suave o nosso tesão
Éramos monstros
Meros mortais
No meio do nada
Insignificantes
Apenas seres humanos
Iludidos presos
Dentro de fantasias delirantes

O coração poderia ser a nossa morada
Mas era lá que nós nos perdíamos
Nos entregando a uma emoção abstrata
Estávamos seguindo ritmos
De nossa própria dança macabra.

'A dança do amor'