30 de maio de 2016

Antagonista

Nas vidas em que vivo, eu sou como um receptor de teste, onde me responsabilizo pela produção de humores variáveis em busca de uma constante que somente pode estar presente em nossos corações.

Eu posso sentir o seu amor. Mas eu também posso sentir o seu ódio. E eu posso lidar com ambos e usá-los como meio de um fim bastante justificativo, onde a pessoa em questão vai estar confusa entre amar e odiar, eu posso facilmente mostrá-la como se equilibrar entre essas linhas tênues.

Eu sei amar, mas eu sei odiar, todos estamos sujeitos a isso, o que eu posso fazer é saber lidar com estes sentimentos tão intensos, sempre mostrando oposições que aparentam ser maléficas, mas que no fundo, mostra-se uma lógica incrivelmente justa, sem nenhum traço de rancor. O plano é sempre ir além da própria dor, superando sentindo-a na pele. E eventualmente seremos como aquela serpente que troca de pele, é um processo doloroso, mas assim que superado este mesmo processo, estaremos mais resistentes e fortes para rastejarmos nesse mundo cheio de predadores em nossa volta.

Os personagens principais sempre estão em busca de notoriedade, são pessoas narcisistas e vaidosas, em outras palavras, as maiorias são bastante egoístas. Eu vou contra esse protagonismo falso e ilusório. Na verdade eles querem que vocês foquem a sua atenção no que eles estão dizendo, mas na verdade estão escondendo verdades atrás das cortinas. E eu sempre estou atrás dessas cortinas, sempre pronto para entrar em cena e derrubar a máscara de cada um, sempre em direção oposta daquilo que parece ser algo fantasticamente bom, sendo que na verdade é uma verdade bem elaborada, ou seja, são mentiras. É ruim e maléfico, nunca confie nos discursos carismáticos de um líder. No tapete vermelho em que esses mesmos andam, debaixo dele, é tão vermelho como a cor do mesmo, só que por baixo não é uma mera cor, e sim é sangue, são cadáveres em decomposição, são as podridões que eles escondem através de um espetáculo belo com intuito de cegar a percepção da maioria.

Eu posso ser contra quando alguém inocente é atacado na rua por um vilão, mas se este mesmo inocente me atacar, ele será atacado de volta na mesma intensidade. Sem remorso, sem pudor. Aliás, ninguém é inocente neste mundo em que vivemos, a diferença é que algumas pessoas são um pouco mais inocentes que as outras.

Eu posso ser o bombeiro que apaga o fogo tanto quanto posso ser o incendiário, que só quer ver o circo pegar fogo ao meu bel prazer. Depende do show que estiver sendo apresentado. Se apresentar facetas maléficas, se apresentar mentiras, eu vou estar lá para opor contra o show de horrores.

Eu vivo em um mundo onde os conflitos são necessários, porque sem conflitos, problemas não são resolvidos. Eu sempre estou andando em território aberto, de forma transparente, se alguém me incomodar, vou pedir educadamente que pare, darei três chances, caso o mesmo não pare, será eventualmente destruído. Pois eu  preciso seguir o meu caminho.

Eu vivo por detrás dos protagonismos da vida os analisando friamente, eu estou sempre atrás das cortinas, prontos para abri-las e apresentar o meu show sanguinário aos moldes de uma chacina bem articulada. Os mocinhos podem ser os vilões disfarçados, e eu estou aqui neste mundo para ir contra toda essa ideia ilusória, que nem toda boa história é um conto de fadas, eu estou aqui para mostrar a verdade nua e crua, de forma letal e preciso, aos moldes marcianos e saturninos.

Eu sou um tipo de ser humano que observa o observador, sem que o observador perceba que eu estou também o observando. 

Eu sou do contra, mas eu também sou a favor. Eu sou uma célula que dá vida, mas eu também posso ser um parasita que aos poucos come e devora as suas tripas.

Eu sou um antagonista.