18 de maio de 2016

A moça e a música.

Havia uma moça que era música
Uma bela jovem aos moldes da sedução
Ela me inspirou e me tornou a minha musa
Ela cantava e tocava em concertos de opera
Postura de monarca inspirada na destruição
Seu olhar desviou sobre o meu, ela era tão bela.
Pessoas musicais são intensas
Já era previsível algum tipo de paixão
E o fogo realmente se infestou
Nossos corpos ele queimou
E cada alma envolvida o fogo eviscerou
Estávamos entregues a nós mesmos
Dentro de um belíssimo pisque estimulante
A dopamina liberava fantasias
Através da imaginação
O coração estava cada vez mais pulsante
Nossos corpos transmitiam cada vez mais tesão
A respiração cada vez mais ofegante.

Infelizmente chegou um tempo
Em que a bela moça se tornou ditadora
A monarca era a rainha do meu coração
Mas ela só me punia com sua desilusão
Cada palavra que eu ouvia era cortante
Cortante como a precisão de um bisturi
Usado por um cirurgião
Ela se tornou má
E sentir prazer em ver não somente o meu sofrimento
Mas de todos em sua volta
A monarca
De bela
Foi aos moldes
De uma psicopata
Eram tempos de tempestade e violentas águas
O fogo que no começo aquecia
Agora era fogo de um vulcão em erupção
Queimava-nos deixando a nossa carne viva
A nossa relação estava cuspindo o inferno para fora
Não havia mais música, muito menos poesia.

Eu tentei ir embora
Mas a moça me perseguia
Eu tentei a mandar ir embora
Mas na minha cara ela cuspia
Então como última tentativa
Eu lhe chamei para tocar piano
Tentei ascender a nossa paixão
Através da música que no começo
Despertou o volume de nossa relação
Mas ela não ouviu, nem sequer escutou.
Foi tudo em vão.

Não havia mais saída
Eu tomei uma decisão
Eu não queria viver mais assim
Mas eu não podia partir
Foi quando eu procurei a escuridão
Permite que minha mente entrasse
Em um estado paralelo
Em outra dimensão
E eu resolvi fazer dela
A minha música
E minha canção.

"Antes que ela tentasse cantar suas ofensas, eu abri a garganta dela por fora, com intuito de chegar a suas traqueias para expor suas cordas vocais. Abri a sua boca e a sua garganta por dentro, enfiando o braço de um violoncelo que ela mais prezava. Olhei-a por dentro, vi pó e teias de aranha em suas feridas, resina no arco. Eu queria tocá-la. Eu queria criar uma música. A minha música. Este foi o meu método. A moça que tocava canções, agora ela mesma era a própria canção que eu tocava. Ela agora; é eternamente a minha musa, a minha moça e a minha música”.