3 de janeiro de 2011

Heroína


“Consiste num sentimento de estar no paraíso”

Pense no orgasmo melhor que já teve, multiplique por mil e mesmo assim não chegará nem perto. Heroína é melhor do que qualquer trepada. Bem é essa a sensação dos primeiros “baques” mas depois o paraíso se torna em um inferno cheio de demonios em sua volta. Afinal não somos idiotas, pelo menos nem tanto. Quando você aplica, só há uma preocupação, que é em pensar num monte de outras coisas por exemplo. Se não tem grana, não pode beber. Se tem, bebe demais. Se não tem mulher não tem sexo. Se tem, é um pé no saco. Tem de se precupar com comida, contas, com relações humanas, mas todas essas coisas não importam para quem tem um vício sincero. De vez eu quando eu até falava as palavras mágicas, cara vou largar a heroína, mas existe as ultimas vezes e a ultima vez, então não havia limites. Meus amigos vim me pedir conselhos enquanto eu estava drogado, falando que o amor da vida deles tinha deixado eles, outros viam falar sobre teorias, e mais teorias, filosofias e criticas, mas eu sempre ouvia sempre a mesma ultima frase deles: O que importa é a personalidade certo? É a personalidade que mantêm uma relação por toda vida, como a heroína, queriam dizer que a heroína tinham muita personalidade. Mas eles me ensinaram amar o sistema de saúde do país, pois era a nossa fonte. Roubávamos drogas, comprávamos, vendíamos, fazíamos cópias de receitas médicas ou trocávamos drogas com vítimas de cânçer, alcoólatras, aposentados, aidéticos, epilépticos, donas de casa entendiadas. Era morfina, diamorfina, ciclozina, codeína, temazepam, nitrazepam, fenobarbitona, sódio amital, dextropropoxifeno, matadona, nalbufina, petidina, pentazocina, buprenorfina, dextromoramida, clormetiazola. As ruas estão cheio de drogas, para infelizes ou doentes… e a gente tomava todas. Porra a gente injetaria até Vitamina C, se fosse proíbida. Mas os bons momentos não duram para sempre. Uma hora nós teríamos que parar. Eu ainda não me sentia mal, mas com certeza eu iria me sentir. Eu estava no limbo dos viciados, enjoado demais para dormir, cansado demais para ficar acordado. Mas o mal-estar veio. Suór, arrepios, náusea, alucinação, dor e ansiedade. Mas tudo passou, tudo foi superado, eu estava ficando velho, o mundo estava mudando, as musicas estavam mudando, as drogas estavam mudando. Não podia mais ficar o dia todo sonhando com heroína e Iggy Pop. Eu precisava encontrar algo novo, deixei meus amigos viciados de lado, um morreu com o virus da aids, e eles venderam os dois ultimos dois quilos de heroína, e eu fugi com a grana, sim passei a perna no meus amigos! Mas eu segui em frente sozinho. Foi um despertar. Drogas; sempre acabam matando você, mas quando você se livra delas, você nasce novamente! Me sinto jovem mais uma vez..

Trechos tirados do filme: Trainspotting