10 de março de 2014

Simplesmente

Noites onde a cidade nos engole como vinho tinto.
Nos fazendo se perder em nossos próprios becos escuros. 

É simples; e simplesmente cansei

Sorrisos sem risos
Risos sem sorrisos

Olhos sem expressão
Expressões sem boa impressão 

Dias com uma maravilhosa luz
Mas que ofusca no horizonte
da escuridão.

Amores de uma noite só
Sexo sem amor
Amor sem nexo
E nexos sem nexo algum
Apenas orgasmos
Sujo e fantasioso
Olhares apaixonantes 
Mas ocultamente
um ato malicioso

Meu coração transborda amor
Mas não há ninguém que o afogue junto comigo
A manhã seguinte é sempre o adeus                  

É simples; e simplesmente cansei.

Ninguém permanece
Nem mesmo a vida
Eu sei
O pra sempre, sempre acaba, mas e o que acaba, acaba pra sempre?

Não desejo beber da solidão até o dia da minha morte
Eu aceito que um dia meu coração irá para de bater
Mas quando ele estiver prestes a parar
Eu quero que algo esteja lá
Mesmo que seja um fantasma
Transparecendo alguma verdade

É simples; e simplesmente cansei.

E enquanto isso, no meio de tantos devaneios
Notei que tempos andam se perdendo nos tempos
Então procurei criar meus próprios ponteiros
Meu próprio relógio que pulsa no meu pulso
Dando o impulso para eles girarem criando um sonho
Que quando eu estiver no meu leito da morte
Alguém entre no quarto e esteja lá apenas
Pra eu simplesmente poder dizer:
-Obrigado pela companhia.