23 de abril de 2017

A MORTE QUE ME VISITA AOS DOMINGOS

Em labirintos de uma existência finita
Há deus e o diabo se equilibrado em uma linha
Enquanto nós somos a linha tênue
De dois genocidas
Caminhando perdidos
Buscando o sentido da vida
Enquanto somos peças
De uma peça doentia.
Anjos riem
A natureza nos equilibra
Tempestades que nos devastam por dentro
Sol que nos queimam a carne viva
A vida é um deserto de vida extinta
Não há água
Não há comida
Só há a mente homicida flertando
Com corações suicidas.
E eu peço para seguirem comigo
Nesta jornada só de ida
Há muitas coisas belas que quero lhes mostrar
Palhaços que choram lágrimas de cocaína
Tubarões que nadam em areias movediças
Uma roda gigante onde todos caem lá de cima.
Lá vamos podemos ver os horizontes
E perceberemos que tudo é apenas cinza
A realidade rompeu o seu amor com a ilusão
E seduziu como a sua amante a mentira.
Bocas costuradas
Palavras penduradas no céu da despedida
Emoções de afeto dilaceradas
A verdade não é mais dita
Nem se ouve
Nem é mais escrita.
Há apenas insetos e larvas
Dançando em nossos corpos
Saboreando as nossas carcaças
Enquanto os mortos
Se despedem de suas almas.
Há dias que a morte me visita 
Sempre aos domingos
Mas não me leva embora
Apenas fica como companhia, 
Aqui bem dentro de mim, no peito 
Enquanto eu a sirvo um café que nunca esfria 
Que só me queima
Me deixando morto por dentro
Enquanto isso a morte conversa comigo sobre a sua vida
E eu a aconselho como se eu fosse o seu psicanalista.