31 de agosto de 2016

O Edifício

Você me leva aos corredores de sua vida, mas nunca encontro a porta que devo bater para tentar entrar em sua mente. É tão difícil encontrar você, às vezes subindo pelo elevador, consigo facilmente chegar até você e tê-la aos meus braços. Mas às vezes para tê-la comigo, eu preciso pegar as escadas. Alcançar o amor é uma jornada cansativa, que cada passo que damos, pensamos constantemente em desistir. Mas existe os atalhos, as saídas de emergência, mas o meu coração é resistente às tentações. Ele bate tão rápido como os milésimos do tempo. E tempo levou para construir esse edifício, levou-se um sacrifício quase que satânico, o sangue, os animais internos gritando e agonizando dentro de mim, sendo dilacerados pela minha ousadia narcisística. Definitivamente eu sou como um diagrama acidental de algum tipo de evento mediúnico. Eu conheço cada parede desse complexo e sei o que cada umas dela sussurram nas horas mais sombrias. Todos têm um ponto vulnerável, todos têm o seu pecado, e vivem julgado uns aos outros, criando um jogo doentio de poder, instalando o caos. Os alarmes soam, todos tentam fugir pelo elevador que está danificado, então eles se jogam ao desespero, outros caem pelas escadas quebrando seus pescoços. A luta pela sobrevivência é mais mortal do que um ataque nuclear. E eu só quero encontrar a porta do seu apartamento. É só isso que eu quero. Mas as festas e os eventos, onde as classes sociais de alto nível deram, me fizeram cair em uma abismo de arrogância, insultando os fracos, saciando o poder, conquistando o controle. Sexo e paranoia. Agora está tudo em ruínas, o edifício vai desabar, e onde está você agora meu amor? Eu quebrei a cara, e os ossos estão expostos à vergonha. Eu estou indo ao seu caminho, eu vou te reencontrar novamente, mesmo que eu tenha que esperar a vida após a morte. Esse edifício por mais grandioso que ele seja, o arranha céus é amedrontador, causa náuseas e pânico, você pode cair do alto do seu pedestal se você sonhar alto demais. A megalomania rima com a a palavra amiga, mas ela te consome e come suas tripas. As luzes dos bares onde são servidos os mais caros coquetéis queimam como neurônios num grande cérebro. Os elevadores parecem câmeras de um coração. E quando eu ando, eu vago pelos corredores como uma célula numa cadeia de artérias. Eu respiro essa obra de arte, pois eu sou o arquiteto, eu respiro esse edifício, pois eu sou o próprio prédio. E agora eu cai em si, você não mora mais aqui dentro há muito tempo. E a sua ausência está me destruindo. Hoje o meu mundo vai desabar, mas eu sairei daqui de dentro de mim mesmo, dessa prisão que eu mesmo criei. Eu sou o labirinto, o minotauro e a ao mesmo sou a sua vítima, eu venho me definhando aos poucos, alimentando de mim mesmo servido em pedaços de desilusões, mas eu vou me libertar, e eu vou te reencontrar.