3 de dezembro de 2014

Habito

Eu não sou o mais o mesmo
Nunca fui o mesmo desde sempre
Habito em uma ruptura da realidade que constantemente dança meus delírios
Habito em uma fantasia onde ela está em constante inconstância
Trilho encruzilhadas
Beijando as beiras das loucuras
Vago bêbado de conhaque
Chorando por amores sombrios
Me tornei um poeta
Alguém que olham e me vejam como louco
Me tornei um escritor barato largado na sarjeta
Que aqui agora escreve angústias
Que aqui agora está numa vasta imensidão
Eu me sabotei para não sentir mais nada
Agora me tornei um colecionador de crises
Para pelo menos sentir alguma emoção
Mesmo que ela me corte de dentro pra fora
Mesmo que ela me engula e me cuspa
Eu morro todos os dias e ressuscito todas as noites
Mal eu sabia, que aqui no nada
Aqui nem eu estou
Está somente um fantasma da minha imaginação
Agora é como se eu tivesse um eco eterno gritando dentro de mim
Em um constante vácuo
Eu estou vazio, e não consigo mais completar o que eu tirei de mim mesmo
O coração
Nada mais me completa
Incompletamente perfeito
O amor ficou completamente cego aonde eu me encontrei
Aqui nessa escuridão
Habito dentro de mim mesmo
Onde nem eu mesmo eu estou
Me perdi de mim, minha alma se foi
Congelou-se no inverno que eu mesmo criei
Habito dentro de mim
Num corpo sem vida
Sem alma
Habito na pele viva
Que empalidece aos poucos
Habito na escala mais alta da montanha que não tem fim
Vago sem destino
Sem rumo
Sem direção
Agora estou aqui misturando as palavras de forma complexa
Para ilustrar o complexo em que me encontrei
Para ilustrar o estado da minha mente cheia de desilusão
O espelho me olha e eu não vejo nada
Eu olho o espelho e ele não me encara de volta
E percebo então,
Que algo também habitou em mim
A depressão.