16 de maio de 2014

O Trato

Cacos de vidro no chão
seu perfume impregnado na minha escuridão
és como uma lâmina sua língua
manchas de sangue no colchão
nervos a flor da carne viva
garrafas de vodcas cheias de ilusão
uma noite especialmente sombria
onde a frio da noite especifica a frieza no nosso coração
fizemos um trato como aqueles que se faz com o demônio
deixando nossas mentes expostas ao frio de outono
protegendo nossos egos de um suposto futuro furacão
é belo e ao mesmo tempo violento
tudo num acorde que toca suavemente bem lento
criando uma maravilha dentro do nosso próprio terror e assombração
mesmo que as vezes nossas palavras ecoam no silêncio
batidas fortes dos nossos corações criam uma emoção
as vezes fogo as vezes explosão
linhas sinuosas entre a fúria do nosso nascimento
na noite que se encontramos na nossa condenação
buscando aquilo que nos traz mais euforia
mas ao mesmo tempo um maravilhoso sofrimento
a noite não deveria acabar
deveria continuar
a e música no carro poderia eternamente durar
mas passa-se sempre o tempo
fazendo nos cair em profundo sono
acordando com aquela boca seca
num clima aparentemente satânico
onde não há mais bebida e nem beleza
em nossos quartos, sozinhos com nós mesmos
se revirando em nossos lençóis
como se estivéssemos se afogando em um oceano
e em nossas mãos uma insensível tremedeira
mas a ironia de tudo isso, é que isso me completa
o teu mau completa meu bem e o meu mau completa o seu
os relógios tocam o alerta
o tempo não para
é só olhar para a lua e já sente-se a vontade de voar
exatamente por isso devemos continuar
vendemos as nossas almas a nós mesmos
temos que continuar a matar.