Hoje não deveria ser hoje
Amanhã não deveria ser amanhã
Ontem não deveria ter sido ontem
A dilaceradora rotina
Que mata o tempo
Tempo que assassina os minutos
Minutos que tortura cada segundo de minha vida
Matando a mim mesmo
Meus vícios se viciaram em mim
Minhas emoções quebraram o gelo, o transformando em paixões.
Paixões que me queimam de dentro pra fora
Agora eu sou o meu próprio despertador
E eu me tornei uma bomba relógio
Eu poderia explodir o mundo, se eu pudesse
A rotina fria e calculista
Que planeja metodicamente o meu assassinato
A cada manhã que levanto no tic tac do despertador
Já imaginando o tanto de melancolia no cobertor
O sangue já espirrado na parede do meu quarto
Em forma de um coração sem amor
O tempo tornou-se sádico
Tornou-se a minha dor
E na parede suja velha, um tom forte avermelhado
Uma tragédia com traços bem desenhados.
Aquelas olheiras ao sol
Aquele mórbido olhar sem expressão
Já preparando um café amargo
Saindo de casa com a mesma companhia de sempre
A ansiedade manipuladora e malvada
Que sussurra no meu ouvido
Querendo sempre voltar logo para a casa
Querendo voltar sempre para o mesmo lugar
Para repetir e repetir
Novamente e novamente
A mesma morte de todas as manhãs
No despertar sombrio
Na mesma rotina que levo
Perto de uma cova rasa.
Com a sensação que um dia tudo poderia mudar
Mas que nunca muda
Mas que nunca acaba.
14 de novembro de 2013
Rotina
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